quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Mensagem de Agradecimento

O blog "Vida Sobre Trilhos" fez um ano em Julho passados. Mas, comemorar pra valer os resultados somente deu pra ver agora. Nos dias 24 e 25 de Dezembro, os "personagens" que construiram de alguma maneira esse blog (seja comentando, participando com indicações do que querem ler, sendo literalmente personagens das postagens do blog, blogs parceiros ou amigos apoiando) receberam esta mensagem em suas caixas de e-mail.
Como não é justo deixar algo assim tão restrito, vou postar aqui a vocês o conteúdo (com adaptações).
Segue:


Bons dias senhores Usuários!

Parece algo que, alguns de vocês como leitores, assíduos ou não, do blog "Vida Sobre Trilhos" que em Julho fez um ano, veio mudando quanto aos leitores e crescimento dos acessos. E gente, como cresceu!
Desde o primeiro mês de vida do blog, monitoro os acessos a ele, digo a vocês, nos primeiros meses de vida, ficava desanimado em manter uma regularidade (hoje, uma média de 3 a 4 postagens por mês, o que só não é maior por não querer que o blog seja de um todo factual, o que em termos não é possível pra mim) e, sendo assim, ao observar também que, durante todo esse tempo, lendo meus primeiros textos, o modo como articulava, como fechava os parágrafos, quanta evolução!
E vocês, OBVIAMENTE, foram parte desta grande evolução!
Sim, meus caros. Vocês, de vários modos, não vou dizer de pequenas particularidades, mas, desde contribuições com informações, visitas técnicas, disposição para atendimento, boletins via e-mail, fotos ("pinturas" como eu carinhosamente chamo as fotos a quem eu publiquei no blog e dei créditos), dicas para postagens, agendamentos diversos, conselhos e paciência (sim, MUITA PACIÊNCIA!) construíram este blog. E vocês foram os personagens, alguns em cena, outros nos bastidores, outros pelo twitter, alguns comentando, mas, enfim, todos com a sua importância e relevância para que este blog fosse grande na sua proposta: ter texto jornalístico focado no segmento ferroviário sem deixar a opinião de lado.
E devagarinho, sem me precipitar, vou conseguindo.Então amigos, nesse final de ano, agradeço a todos por ter me ajudado de alguma maneira, por terem opinado e dado a devida importância a este blog, que, nem mesmo no final do ano irá parar: tem postagem HOJE e Janeiro será o mês dos outros autores - mês das colaborações.
Tenham boas festas!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Causos e contos da ferrovia: Você já viveu um!

Do Vida Sobre Trilhos*

Bons dias senhores Usuários!

Como não costumo desejar um "Feliz Natal" a todos, talvez essa seja a primeira vez que eu faça isso, deixo a vocês algo de veras inusitado.

Farei com um pouco de humor.

A revista da "Associação dos Engenheiros da Estrada de Ferro Santos à Jundiaí"(AEEFSJ) ou, simplesmente, Publicação Ferrovia ou Revista Ferrovia que foi publicada bimestralmente até 1998, teve uma parada, recentemente voltou a ser publicada (sendo assim, considerada a revista mais antiga a ser publicada desde a Revista Cruzeiro), nas suas edições mais antigas reservava um espaço onde os engenheiros, associados e colaboradores traziam passatempos e os seus "causos" da ferrovia - histórias ou estórias que aconteciam com eles, com amigos ou que eles ouviam dos mais velhos de casa.
Em sua maior parte, engraçada, alguns desses "causos" serão publicados junto a alguns textos de outros autores. Ou seja, durante o mês de janeiro, se postar, será por algo muito importante mesmo!
;D
Mas, a qualidade permanece. Espero que gostem, os textos são excelentes!
Aí vão:

O passageiro trocado
 
Um passageiro tomou o trem noturno RJ-SP e pediu várias vezes ao chefe do trem para avisá-lo quando chegasse a Barra do Piraí, onde iria ficar para cumprir um importante compromisso.


Trem de Prata, antigo Santa Cruz, fazia o itinerário SP~RJ
Ao acordar quando o trem chegava na estação Luz, em São Paulo, o usuário ficou furioso e começou a esbravejar na plataforma da estação.
Uma velhinha, que também viajara no mesmo trem, perguntou-lhe: "Por que o senhor está tão nervoso?" Depois de ouvir a explicação do homem, ela lhe disse: "O senhor está nervoso, porém, mais nervoso ainda estava aquele senhor que o chefe do trem colocou à força, pra fora da composição, em Barra do Piraí..."

Houve apenas uma "pequena confusão"... 


Tem que ser dada uma ordem
O engenheiro novo tinha acabado de assumir a chefia do depósito e fora chamado para atender um grande acidente. Chegando ao local com o socorro, observou o trem tombado: a locomotiva deitada e vagões espalhados por todo lado.

Não tinha nem ideia do que fazer e muito menos do que dizer a um velho e experiente mestre encarregado do socorro, que aguardava suas ordens.

Viu uma pilha de dormentes e teve uma ideia. Disse ao mestre: "Mestre, manda passar aqueles dormentes para o outro lado da e pode começar o serviço". O mestre destacou dois empregados para movimentar os pesados dormentes de concreto, atacou o serviço e comcsua vasta experiência em pouco tempo, liberou a linha.
O engenheiro começou a aprender, mas o mestre até hoje não entendeu o que tinham a ver os dormentes com o acidente e o porquê da necessidade de trocá-los de lugar...

Em janeiro, outras postagens como essa aparecerão! Fiquem de olho!
Tenham um bom natal!

*"Causos" do Engº Renê Fernandes Schoppa publicados na Revista Ferrovia Jan/Fev-1993 e Jul/Ago-1992.
Trem de Prata — Foto: José Emílio Buzelin

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Quem é Jurandir Fernandes, o "novo nome" da STM?

O nome que substituirá José Luiz Portella tem vasta experiência e foi um dos responsáveis por preparar o campo para o plano de Expansão dos transportes

*Do Vida Sobre Trilhos

Bons dias Senhores Usuários!


No dia primeiro de Janeiro de 2011, tomará posse pela terceira vez Geraldo Alckmin. E com ele, alguns nomes de suas gestões estarão de volta como Saulo de Castro, quando nomeado secretário pela primeira vez no governo Alckmin, foi como secretário de segurança pública e, dessa vez, volta na pasta dos transportes. Para a surpresa de alguns e muitos outros nem tanto assim, a secretaria de transportes metropolitanos, essa que tem por sua tutela as três empresas responsáveis pelo transporte de mais de 9 milhões de usuários/dia útil em média, está Jurandir Fernandes, de volta. Mas, quem o conhece com exatidão?


De fato, Jurandir Fernando Ribeiro Fernandes assumiu pela primeira vez a secretaria em 2001. Mas, sua experiência com administração de órgãos públicos é mais longa.
Engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico da Aeronautíca (ITA), doutor em Transportes Públicos na França e professor da Unicamp, já foi secretário dos transportes em Campinas entre 1993 e 1996, em 1999 foi diretor de planejamento da Dersa. No ano 2000, dirigiu o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), de 2001 a 2005 também presidiu a ANTP e de 2007 a 2009 presidiu a Empresa de Planejamento Sociedade Anônima - Emplasa.
Aos 60 anos ele volta a secretaria que já conhece muito bem. Sabe das dificuldades, dos desafios e de como é tentar planejar um futuro para os transportes públicos a longo prazo (vide planejamento atual do Plano de Integração dos Transportes Urbanos [Pitu 2025 - Região Metropolitana de São Paulo, Pitu 2015 - Região Metropolitana de Campinas e Pitu 2020 - Região Metropolitana da Baixada Santista] que fora atualizado pela última vez durante sua gestão). Mas, ao contrário do que se pensa, ele não criou o Pitu, esse já é um sistema de se pensar e planejar o transporte que existe desde que o governo definiu as regiões metropolitanas.


Na Ferrovia

Em sua passagem pela STM, Jurandir Fernandes coordenou, apesar dos poucos recursos, a retomada das obras para expandir para direção sudeste a linha 2 - Verde do Metrô, já no primeiro semestre de 2004, fechando as intenções de iniciar a parceria público-privada da construção da linha 4 - Amarela, que viria a ser ganha pelo consórcio administrado pela ViaQuatro. Já em frota, a compra de trens da linha 2 - Verde (16 trens de 6 carros).
Na CPTM, fez o prédio do CCO unificado dos Brás, entregou todo o equipamento e instalações, a estação, iniciou o projeto de integração centro, esse levaria as linhas 7, 10 e 11 (atualmente) até a estação Luz e numa segunda fase, a linha 11 até a estação Palmeiras-Barra Funda. Na estação da Luz, realizou reformas no acesso subterrâneo para a linha 1 - Azul, ampliou os salões e melhorou as condições estéticas em geral da estação. Em questão de frota, iniciou a contratação da reforma total da série 4400, entregou parte dela e iniciou a reforma da série 5500. Além de outras obras.

Na EMTU
A grande falha de Jurandir Fernandes foi não ter uma visão para uma obra que há anos estava consumindo recursos e não estava gerando resultado algum: o corredor Diadema - Berrini, a extensão do corredor metropolitano ABD que dá acesso até a estação da linha 9 - Esmeralda da CPTM.
Além do corredor de ônibus da Metra, a outra falha de Jurandir na EMTU foi não eletrificar os 44km restantes até o terminal Jabaquara, os trólebus que já circulam por outros trechos do corredor há 20 anos chegaram ao terminal Jabaquara em Setembro deste ano. Mas um ponto positivo: a padronização das numerações nos ônibus.
Agora, as empresas não numeram os veículos conforme o número de suas frotas, todo veículo que presta serviços as linhas intermunicipais deve ter o prefixo da região que pertence. Em um simples exemplo, a linha 909 - Ferry Boat possui um veículo com a seguinte numeração:
BE - 2001
Neste, o BE é o digito identificador da região da baixada santista (ou o consórcio responsável, formado por uma ou mais empresas) e os demais números são identificadores internos da empresa e para EMTU de qual veículo é esse.

Promessas em entrevista
No dia em que foi anunciado novo secretário, Jurandir Fernandes disse que, até 2012, a CPTM receberá 400 trens. Não se sabe com qual embasamento o secretário disse isso, pois o que já se vê é uma redução nos investimentos de 12% justamente na sua pasta, logo esta que se fosse para ter uma baixa, não poderia ser percentual tão grande. Tendo em vista que, cada composição custa em média R$20mi, é uma promessa bilionária.
Projetos para incluir não faltam: trens regionais para Santos e Sorocaba, o Expresso ABC, diminuição geral do intervalo em todas as linhas com implantação de sistema de sinalização (CBTC - Comando de Trem Baseado em Comunicação e ATC - Controle de Trem Automático), o trem de Guarulhos e o Expresso Aeroporto. Além da substituição da frota com confiabilidade (geração de defeitos) baixíssima.


Comentários do Autor
Esse é Jurandir Fernandes.
Um secretário, muito além de secretário, é doutor em transportes. Não, não é alguém que se forma em logística, aliás, eu bem desejaria saber qual a formação para poder doutorar-se em transportes, muito interessante mesmo. José Luiz Portella é um secretário que chegou em uma fase ótima.
hidroviário de passageiros e os ônibus híbridos e trólebus ajudam, mas, ainda não resolviam o problema, pois não levavam o grande número de pessoas que era necessário para os deslocamentos diários.
Essa, sim, era uma tendência mundial: juntar uma preocupação com o meio ambiente com um modo de transportar muita gente, mas, muita gente sem gastar energia fóssil ou pelo menos de fontes renováveis... Então, um estalo se deu: olharam as estações sujas e fétidas de seus "abandonados" metrôs, linhas abandonadas de bonde e trens de subúrbio, média e longa distância!
Investir na ferrovia seria então o que Serra poderia fazer de melhor. E fez. Desembolsar R$21 bilhões pra dividir com as três empresas da STM seria uma "cartada de mestre". Mas, não só pelos planos futuros (a presidência do Brasil, o que foi falho), mas, o que isso trouxe foi impactante. Quem estava estafado com a ferrovia nas condições que se encontrava, se assusta até hoje. Mas, se quem compara com o que se vê no exterior, o que foi feito é tirar 30 anos de atraso de um sistema que passou ignorado por quem simplesmente NUNCA deu a mínima. Até mesmo o próprio Serra quando deputado federal e ministro do Planejamento e Orçamento do governo FHC sequer esticou um braço pela CPTM.
O Metrô, a gente nem fala. "Ele se banca". Mas não tem dinheiro pra expandir.
O mais triste é que, apesar da redução nos investimentos na STM em 2011, quem ainda vai ganhar um investimento de 5% é o Metrô. Mesmo esse "sempre fechando no azul", diferentemente da CPTM, que essa sim, sofrerá com os cortes da pasta de Jurandir. E Alckmin, já mal chega, recebe cortes no orçamento, que ainda não são culpa dele, mas, sim, culpa dos atuais deputados, muitos reeleitos. Os da região do Alto Tietê, aqueles lá que "lutam há anos" pra levar o Expresso Leste até Mogi e que dizem que "com muito esforço" fez para levar até Suzano (previsão REAL para 2012), provavelmente sequer bateram o pé para dizer que diminuir em 12% os investimentos na STM afetariam a região a qual representam diretamente. O que esperar do "novo governador" é DIÁLOGO. Sim, diálogo para conduzir os interesses para o TAV, para que os trens regionais de Sorocaba e Santos, para os investimentos necessários do Metrô com a nova presidente, pois sem a união, muitos projetos podem mudar muito e nem andar como se previa. E como o doutor Jurandir pretende prosseguir com a promessa dos 400 trens até 2012 para a CPTM com esse corte logo em 2011? Não estaria ele somando carros para falar que os já licitados 36 da PPP com a CAF e os 9 da Alstom seriam os 400 em questão? Se sim, coloco em xeque o mérito do doutorado em transportes de Jurandir Fernandes.

Tenham uma boa semana! 
 
*Com infomações da Folha On Line, Blog do Lepique, Comunidade Orkut "CPTM - Você também anda!" e "Sociedade Amigos da CPTM", Diário do Grande ABC, MMais, Portal ComCiência, Revista Ferroviária e Portal Estadão
Fotos: Trem 4400 - Blog Usuário CPTM; Ônibus Comil Viação Bertioga - Blog Litoral BusTrólebus Busscar Urbanuss Pluss - Fotolog Fotopages

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Ele já deixou saudades onde embarca e em quem o ouvia

Luis Lombardi Neto, ou o Lombardi, a voz Nº1 do SBT morreu no dia 2 de Dezembro de 2009. Saudades já permanecem, até mesmo nas pessoas que lidavam com ele no dia-a-dia e o encontravam na estação que embarcava diariamente

*Do Vida Sobre Trilhos

Bons dias Senhores Usuários!

Pois é, Lombardi. Que dia fatídico. E quão prematura foi sua morte. Desejamos estar melhor que nós todos aqui, pois aqui, é, a coisa não anda fácil, mas, olha só, coisas bacanas andam acontecendo, outras ruins também, acho que essas a gente deixa até um pouco de lado, vamos evitar falar obviamente. Apesar que, uma das ruins, acho que você viu como ruim e não pode estar entre nós e ver se concluir foi sua amiga de casa, Hebe Camargo, se curar do câncer
Isso é uma boa notícia, diga-se de passagem.
Mas, pra chatear, depois de quase 26 anos de casa, já é certo que ela realmente vai pra Rede TV! e assim acabar com uma longa história de amor com o SBT.
Seu melhor amigo, sim, ele era isso sim, eu diria, já que Senor Abravanel era uma pessoa rica, porém de origem humilde e que crê muito nas parcerias, pois foi assim que vocês dois cresceram juntos na carreira artística, ele como a imagem e você, a grande voz por trás daquela imagem e trejeitos incríveis, inigualáveis de um comunicador como só ele pode ser e que pode fazer escola (tanto que, você mesmo foi pro rádio, outra paixão que tinha e sua primeira investida na carreira de comunicador), numa indicação não muito boa, passou por um apuro com o banco Panamericano. Esse ano, você completaria 70 anos...
Silvio completou 80 anos, elogiado. Você não ficaria atrás.
É uma pena que, por não ser um rosto, só uma voz, você não tenha virado Trend Topics por ter completado um ano da sua morte, diferente do dia em que morreu.





Mas, vamos a ferrovia, essa que andou avançado, você iria gostar de saber com certeza de estar aqui pra ver o que andará acontecendo em questão de alguns anos.

Se você já gostava de ir pro SBT de série 2100 e não se importava quando os 1100 vinham pra "quebrar um galho" quando faltavam os trens principais da linha, pois bem: há pouco mais de um mês só circulam 2100 na linha 10! E, conforme andam os planos, há grandes possibilidades de até 2014, sair do papel o Expresso ABC.
Clique na imagem para uma melhor visualização
Com previsão de 416mil usuários/dia, partindo da Luz até a estação Mauá, fazendo paradas, com exceção das estações Brás e Tamanduateí (estações bairros, porém, pontos de ligação), paradas em todas estações principais da linha 10, ou seja, São Caetano, Santo André e a final, Mauá, reduzindo assim muito o tempo de viagem do centro até as principais cidades da região sudeste de São Paulo.
Clique na imagem para uma melhor visualização
E, pra você que trabalhava numa rádio em Santos, a Cultura AM, imagina só poder fazer o que muita gente, até mesmo você talvez pôde quando menino, descer a serra de Santos de trem? Pois bem: segundo a Secretária de Transportes Metropolitanos, a expansão da atuação dela pode fazer que as intenções da CPTM de concretizar a ida de trens para além de Rio Grande da Serra num trajeto comercial e Paranapiacaba, no Turístico, torne-se realidade. Além de tudo isso, em março começaram a entregar os novos trens, talvez a maior compra de trens que a CPTM fez desde que assumiu a CBTU e a Fepasa: 48 composições de 8 carros. Vinte e quatro já foram entregues.
Além disso, pra outra parte da sua costumeira viagem, uma licitação para definir uma parceria público-privada (PPP) foi realizada para que uma fabricante ficasse responsável pela frota da linha 8. A proposta definida seria o fornecimento de 24 novos trens mais a reforma de outras 12 unidades. A vencedora foi a CAF que optou em fornecer os 36 novos trens ao invés de reformar estes trens.
É Lombardi...
Saudades.


Tenham uma boa semana!


*Com imagens extraídas da comunidade "CPTM - Você Também Anda!"

domingo, 14 de novembro de 2010

Feira "Negócio nos Trilhos 2010": Muito além dos negócios

Muito mais que uma feira visando negócios no setor ferroviário, o evento promoveu a troca de experiências e confraternização entre ferroviários, empresários e os ferrofãs


*Do Vida Sobre Trilhos

Bons dias senhores usuários!


Em três dias, a Revista Ferroviária organizou o evento que reuniu os grandes fabricantes do setor ferroviário, seja de carros de passageiros, vagões, peças de reposição, construtoras, prestadores de serviços, outras revistas do setor ou de semelhante segmento, concessionárias de transporte de cargas e de transporte de passageiros para a "Negócios nos Trilhos 2010". Com palestras ministradas no período da manhã de cada um dos três dias de evento por diversos especialistas da área de transportes e com período da tarde, das 14h às 20h, em alguns casos, esticando até às 21h, as empresas presentes apresentavam seus produtos e novidades no pavilhão vermelho do Expo Center Norte, na Vila Guilherme, zona norte de São Paulo.
No espaço, mais de 170 expositores vindos de diversos países, como Alemanha, Polônia, Estados Unidos, Canadá, Bélgica, Japão, China, Espanha e França, ocupando 14mil m², mostrando o que há de novo no setor ferroviário. A estimativa da revista era de receber 7,5mil visitantes, dentre eles, ferroviários de diversas operadoras, clientes, empresas de logística, técnicos do governo e interessados no setor ferroviário.
Muitos interessados haviam sim: desde quem era realmente do setor, quem preserva a memória ferroviária, quem está na luta pra entrar na ferrovia aproveitando a franca expansão e grande crescimento que a mesma vem tendo nos últimos anos. "Eu acho que bastante. Eu acho que está havendo tanto o metrô quanto o sistema de carga, os trens de passageiros está expandindo. O TAV está saindo, as concessões da VALE, da FCA, a ALL, a MRS estão expandindo violentamente, vários metrôs estão sendo criados nas capitais, tá todo mundo comprando, todo mundo expandindo e o governo incentivando", diz o sr. Amâncio, do representante do estande da Faiveley Transport. 
Do mesmo jeito pensa o engenheiro Amaro, da Bombardier Transportation, guerreiro do ramo: "Com certeza. Estou nesse ramo desde 77, já há um tempo, e todo ano a gente sempre acha 'dessa vez vai'. Agora não, agora todos realmente acordaram para a necessidade do trem, no caso da Bombardier, o 'monorail', monotrilho que já tem esse produto desenvolvido e vamos fornecer pro Metrô agora. Demorou muito, acho que não tem mais como esperar, tem que ser agora.
Para César, da Amsted Maxion, a grande sacada também é que não só voltou-se a investir na ferrovia por ela estar abandonada, por dó. Viu-se ali uma grande oportunidade de cortar custos, reduzir gastos com mão-de-obra e barateamento do frete a longo prazo: "A necessidade de se buscar uma melhora no custo Brasil. A ferrovia ficou abandonada por muito tempo, com a privatização das ferrovias o mercado voltou a respirar, voltou a crescer, voltou a investir e as perspectivas são as melhores possíveis. Nós todos aqui trabalhamos pra ganhar dinheiro, mas, principalmente, pro Brasil ganhar dinheiro. O modal ferroviário é um espetáculo em termos de redução. Nós estamos falando de até 25% de redução em relação ao modal rodoviário, é o potencial que se tem. Não se tem pedágio, um maquinista leva 40, 50, 60 ou 70 vagões, em termos de redução de custos, é bom pro Brasil".
Há aqueles também que tem a visão de que faltam investimentos em áreas ainda consideradas precárias, a exemplo o transporte público, como diz Gustavo, da IAT Fixações elásticas: "Na área industrial sim, no transporte público de jeito nenhum. Mas, como a gente vende praticamente pra empresas, pátios de manobras industriais, sim, as vendas cresceram bastante nos últimos anos".

Muito além dos negócios

Mônica Serra e sua trupe de dançarinos
Para destoar da imagem de uma feira de negócios, atrações (e boas) marcaram, em especial, o segundo e o terceiro dia do evento. A coreógrafa e bailarina Mônica Serra apresentou-se junto a seu grupo no estande da Faiveley, o que fez o maior sucesso entre todos, já que, o show começou de repente e logo chamou a atenção de todos os presentes nas imediações. Com trajes de época, foram chamados a posar na locomotiva que prestava serviços na estrada de ferro Perus-Pirapora, o que deu um charme incrível aos dançarinos. Eles se apresentaram nos dois últimos dias.
Bernard Fines e Júlio Bittencourt Trio no Espaço França
Ainda no segundo dia de evento, um trio brincava com seus instrumentos (um contra-baixo e uma bateria) perto do banheiro. Eram aproximadamente 18h. 20h30, no espaço França da feira, o trio Júlio Bittencourt se junta ao francês Bernard Fines e tocam o mais puro Jazz, adaptando fielmente clássicos da MPB ao idioma de sua pátria mãe. Ao perguntá-los se no dia seguinte estariam todos por lá, disseram que não, pois "a agenda está lotada". Uma pena a quem perdeu, oportunidade única.
A deliciosa carta de cafés da Bombardier
Além disso, o estande da Bombardier brincou com algo que fez a ferrovia se mover por anos a fio no Brasil: o café. Sua carta de cafés recebeu o nome dos principais produtos que ela ali apresentava ao mercado brasileiro. E ele virava uma opção de café. O TAV Zefiro se tornou um autêntico café "espresso"; O Primove, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e sem catenária ou terceiro trilho, um "machiatto"; O Innovia, monotrilho com sistema driverless (sem condutor) que será implantado na extensão da linha 2 - Verde até a Cidade Tiradentes, tornou-se um delicioso "capuccino"; O sistema de sinalização denominado Ebilock tornou-se, segundo a carta, "uma apaixonante bebida à base de espresso, doce de leite, ovomaltine e leite vaporizado" e, por último e não menos importante, o sistema de trens Flexity, pra aqueles que não gostam de cafés, variedades de chás a escolha. Ainda, no estande da Bombardier, para completar, acesso a internet liberado, tornando-o assim um "cyber-café".


Comentários do Autor


Segundo ano, desta vez, fui mais pra cobrir do que curtir (ou seja, estava mais focado a busca de respostas de perguntas para esta postagem do que ir ver as novidades). Mas, não minto, foi muito bom, pude rever o Diego Silva, amigão de blog, Derick, Binho, Vinícius que foram uma turminha bacana que curti parte do segundo dia de feira, primeiro que fui. Aliás, link abaixo, Diego esteve nos 3 dias de feira, RECOMENDO leitura no blog dele, que aliás, rapaz de muita sorte, ainda levou pra casa no último dia o kit Frateschi. Pobre Raquel, olhou aquilo e disse: "Menino de sorte ele"...
Bernard Fines e Júlio Bittencourt Trio
Esse é outro ponto: segundo ano, uma pessoa que levo comigo. E ela, assim como eu que, quando fui abordar engenheiros, ferroviários, diretores (entre eles, alguns estrangeiros, remember Mr. Flávio Canetti?), nos trataram com um respeito e educação incríveis. Nos responderam, pararam e deram total atenção às perguntas por mim elaboradas, simples e que, com certeza não iriam prejudicar de forma alguma a imagem da empresa. A qualidade da feira então, sem comentários: estandes lindos, receptivos, as meninas cada vez mais bonitas e cada vez mais as empresas com novidades empolgantes na feira.
O Cabaret de Mônica Serra
Muita coisa cresceu na feira: estandes, empresas, tecnologias... A presença dos "dragões" chineses está cada vez maior, mais ampla e a gama de produtos dele também maior. E se a parceria Trends/ CNR se firmar, aí ficará cada vez mais comum vê-los por aqui. Também algo interessante e que a MRS anda testando (e dizem que com muito sucesso) foi apresentado na feira foi os dormentes de plástico e também os fabricados de PET e pneu moído. Tecnologica e ecologicamente correto, ainda mais útil, pois suporta muito bem o peso das locomotivas e a técnica de fabricação se mostra boa. E, nos rumos atuais, matéria-prima proveniente da reciclagem não faltará, pois ainda a indústria automobílistica é prioridade no que cerne o transporte individual e bebe-se muito refrigerante em PET do que em lata ou a opção do suco em embalagem tetrapak.
Aliás, peço perdão à todos caso haja erros nos nomes e peço que encaminhem e-mail para este endereço: vstrilhos.blog@gmail.com ou deixem comentário, pois ao transcrever percebi um problema grave com a qualidade do áudio que impossibilitou, em muitos casos, a transcrição com exatidão dos nomes de quem entrevistei nos dias 10 e 11.
Meus parabéns à Revista Ferroviária pela organização do evento.


Tenham uma boa semana!

Mais fotos? Acesse o álbum no Picasa!

*Com informações da Revista Ferroviária - Hotsite NT2010, Bernard Fines e Diego Silva - Fotografia Ferroviária

sábado, 30 de outubro de 2010

Conheça a nova identidade da biblioteca do Metrô de São Paulo: Seja bem-vindo a Biblioteca Neli Siqueira

Biblioteca com acervo técnico do Metrô ganha reestilização e modernização para atender a estudantes, funcionários e os "metrolinos"

*Do Vida Sobre Trilhos

Quando se precisa de um acervo com um grande número de materiais voltado na área do transporte, fica difícil procurar nas bibliotecas da cidade. Pensando nisso, uma funcionária do Metrô, a bibliotecária Neli Siqueira começou a guardar arquivos, impressos, relatórios operacionais, manuais, anuários estatísticos, informativos mensais do desempenho operacional, trabalhos e artigos apresentados em eventos e revistas especializadas, além de uma coleção de normas técnicas nacionais e estrangeiras, em formato convencional ou digital, que poderia ser utilizado para quem por ventura viesse a fazer trabalhos acadêmicos.

Imagem:Italo Silva/ Agência Supra S9 News
Mas, não só de acervo baseado em transportes a biblioteca contava, mas, contava com a credibilidade já de receber também monografias e teses do assunto, o que aumentava ainda mais as possibilidades de pesquisa. Também, com o tempo, tornava-se cada vez mais ampla ao conhecimento interdisciplinar, inserindo em seu acervo livros e materiais diversos das áreas de administração, arquitetura, comunicação, direito, economia, engenharia e ramificações, informática, entre outros assuntos.

Imagem:Italo Silva/ Agência Supra S9 News
Com o tempo, os funcionários percebiam que muitos dos que lá iam para pesquisar não permaneciam e, em alguns casos, pouco à vontade se sentiam para estudar. E, com as pesquisas de visitação, elaboraram como deveriam ser as modificações do espaço físico da biblioteca, que ganhou uma sala multímidia (com computadores conectados à internet e ao sistema de consulta de livros e TV via satélite) e uma sala específica para leitura, com estante para disposição de jornais, revistas semanais, mensais e livros que o Metrô recomenda por meio do projeto "Embarque na Leitura" (sendo essa sala existente, assim, resolvem-se, senão o maior, mas, o mais importante problema desta biblioteca até então, um local com conforto e relativo sossego para consultar livros e estudar).
A cerimônia de entrega da biblioteca foi nesta sexta (29).


Serviço

A Biblioteca Neli Siqueira funciona de segunda à sexta (exceto feriados), das 8h30 às 17h30.Realiza empréstimos entre bibliotecas e entidades técnico-científicas e, para usuário externo, é necessário uma requisição de empréstimo entre bibliotecas. O acervo pode ser consultado também pessoalmente, se dirigindo na Rua Augusta, 1626 - Térreo, São Paulo, a poucos metros do Metrô Consolação.
Mais informações pelos telefones:
(11)3371-7232/ 3371-7259
Telefax:
(11)3371-7134
E-mail:
bibli@metrosp.com.br


Comentários do Autor

Não houve como ficar indiferente depois de dois anos sem aparecer por lá e:
1) ser muito bem recebido, mesmo que eu precisasse falar um "ei, você ainda lembra de mim?" pra reavivar a memória de alguns;
2) depois de ser lembrado, ser mais do que felicitado por simplesmente ter aparecido, mas, por ter vencido, dizer para esses amigos que mudei de área, mas, estou [realizado]me realizando e que lá voltava pois sabia que lá sempre poderia contar quando tivesse dúvidas, ou seja, fonte de inesgotável saber e onde o conhecimento puro começa: os livros.
Se o SCC, TGVBR, ferrofãs que buscam conhecimento pleno e, até que em 90% de tudo o que é falado neste tópico pode ser considerado retirado de consultas a material técnico de lá.
O mais bacana de tudo é que isso desvincula a Biblioteca Neli Siqueira do projeto Embarque na Leitura. Geralmente, ouviam falar em livro+metrô= Biblioteca do Metrô. Inclusive a própria encarregada da biblioteca (reiterando, um amor de pessoa!) conta que, certa vez ao receber uma ligação de uma usuária, lhe informou o endereço, a mesma disse "nossa, que longe!". Se essa reclamou que era longe, imagina o pessoal da CP (Comboios de Portugal) que certa vez entrou em contato atrás de um determinado documento? Pois é... Mas, diferentemente dessa usuária, eles negociaram muito por causa da distância uma cópia escaneada enviada por e-mail dos capítulos/trechos que lhes eram necessários.
Eu, sempre que possível e toda vez que for necessário, aportarei por lá, pois agora sei que estarei mais confortável ainda (antes já achava o máximo, agora, só ficou melhor!).


Tenham uma boa semana!

*Com informações do site da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô)

sábado, 9 de outubro de 2010

De Regiane Alencar, "A Hora do Pico"

Reflexão de autora independente, mas, aprovada por este blog


*Do Ovelhas Incandescentes


Bons dias Senhores Usuários!


Publico aqui um ótimo texto de uma amiga. Chamo assim, mesmo sem conhecê-la pessoalmente, mas, há muitas particularidades que fazem crer que assim possa chamá-la e que também assim ela me vê.
Como profissional, é uma ótima comunicadora, só ainda não se deu conta desse talento natural, mas, logo estará encaminhada para tal e se juntará ao time dos jornalistas. Grande leitora, pois em grande parte de seus textos referencia livros e citações de grandes autores contemporâneos e modernos, fala muito bem e expõe sua opinião sobre diversos assuntos, enfim, merece o respeito.
Se hoje ela ganha o espaço nesse blog é porque seu texto fala por si.


Apreciem.
Horário de pico


Do alto, olhava a cidade lá embaixo.
Era quase seis horas da tarde, o céu já estava escuro, os ônibus passavam cada vez mais cheios, as ruas estavam cada vez mais tumultuadas, o metrô... impossível entrar ou sair. O famoso e temido "horário de pico" se aproximava.


Foto:Italo SIlva/Agencia Supra S9 News
No livro "1984", havia a "hora do ódio". Em São Paulo, havia o horário de pico. Hora em que as pessoas evitavam sair na rua, pegar o ônibus, sair do trabalho, sair da escola, da academia, do curso e "Deus me livre", pegar o metrô.

Olhava tudo de lá de cima. Não precisava mais se preocupar com rua, ônibus, sair do trabalho, da escola, da academia, do curso, e graças a Deus, do metrô.
Nem sempre foi assim. Já passou por essa "provação". Já saiu muito mais cedo do que seu horário normal, para evitar o aterrorizante horário de pico. Já rezou ao sair do trabalho, para que, pelo menos chegasse segura em casa, mesmo que tivesse que esperar uma ou duas horas até conseguir entrar em um trem, ônibus ou o que fosse. Já vibrou a cada vagão vazio que chegava na estação Sé. Alegria de pobre é ver o vagão chegando vazio na estação Sé. E muitas pessoas devem estar rindo ao ler isso porque sabem que é verdade.
Mas no meio do aperto ainda há um alívio. Cansou daquilo que chamava vida. Se até no meio dos vagões lotados da Sé, em pleno horário de pico, ainda há um vagão que vem vazio, então o resto também se resolve.
Não desistir, não deixar de ouvir e de se fazer ouvir, não se calar (exceto nos casos em que calar a boca é fundamental e até saudável), não deixar de querer, de se arriscar, e quando necessário, ignorar.



Partiu para o tudo ou nada, com direção ao tudo. Arriscou, quis, ignorou, quis!


Faz parte das escolhas que fazemos na vida, ouvir ou não ouvir. Aceitar ou não aceitar.
Com pessoas, a mesma coisa. Há pessoas que temos que escolher se elas ficam ou saem da nossa vida.
Jogou o passado fora, ficou com o presente e se guardou para o futuro.

Essa não é uma história de moral, nem de lições, nem de nada. Cada um que a veja como quiser e como puder.
Tem coisas que só a gente para saber e para entender. Cada um sabe da sua vida, das suas vitórias e das suas derrotas. Cada um que escreva sua história com os personagens que escolher. Mas sempre, escolher.
Sempre escolher, melhorar, continuar, mudar e apagar o que tiver que ser apagado. Reescrever sua história quando for preciso e nunca deixar terminar.
Quando chegava essa hora... o famoso e enervante horário de pico, não se preocupava com mais nada. 
Apenas olhava, imperturbável, a cidade lá embaixo. E agradecia por estar lá em cima.
E abençoava a cidade lá embaixo.


Tenham um bom feriado prolongado!

*Texto totalmente retirado do Blog Ovelhas Incadescentes, mediante autorização da autora e citação da fonte.

domingo, 3 de outubro de 2010

O caminho do desenvolvimento econômico: Intermodalidade

*Do Vida Sobre Trilhos


Bons dias Senhores Usuários!


Hoje, escrevo um texto adaptado de um blog, vamos dizer, parceiro. Parceiro, pois sempre leio suas postagens e não é incomum ver entre meus tweets links para esse blog como ótima dica de leitura. E ao ler hoje seu blog, algo me chamou atenção.Resolvi replicar uma postagem do blog do Ralph Giesbrecht, sócio do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, em seu currículo 3 livros sobre ferrovias e uma biografia sobre seu avô, Sud Menucci e, nesse post, contém um artigo que diz exatamente o que o Brasil precisa, o que os mais velhos vivem dizendo, mas, muitos políticos parecem deixar isso de lado.
"Le train" - REPRODUÇÃO/ Claude Monet
Tal assunto começa a entrar com mais rotina na imprensa, não mais a especializada e também não só mostrando quando ocorrem acidentes, vandalismos ou novas estações e trens, mas, ampliar as linhas do transporte de cargas, reativar trens de longo percurso (estes que deram o último suspiro em 1998 com "falecimento" do Trem de Prata).
O artigo parte do candidato ao senado Rubens Hering. Observe, o texto é visionário e político:


 "Minhas lides com o Seguro de Transportes e o contato com o setor, me tem feito questionar um dos paradigmas nacionais: se temos matérias-primas abundantes, os menores salários mundiais, energia mais barata, o que falta então para sermos mais competitivos?
Estamos perdendo a competitividade adquirida no chão das fábricas ou fazendas a partir dos seus portões de saída. O Brasil errou historicamente ao adotar um modelo de transporte predominantemente rodoviário. Um país com dimensões continentais e características climáticas como o nosso não poderia jamais ter optado pela preponderância das rodovias para distribuir suas riquezas e circularem as pessoas. Os governantes da época, por total falta de visão, lesaram a pátria criando um dos maiores agravantes do chamado custo Brasil.
Nos países desenvolvidos o transporte coletivo e de cargas prioriza os modais ferroviário e hidroviário. No Brasil este cenário está invertido. O transporte fluvial é precário e concentrado na Bacia Amazônica. A cabotagem é incipiente nos milhares de quilômetros do litoral. O transporte ferroviário é muito ruim e a malha ferroviária permanece sucateada, não obstante as privatizações. Os modais de transporte, ao invés de se integrarem concorrem predatoriamente entre si. É preciso resgatar a racionalidade do sistema pela integração e ocupação de cada um dos modais, do espaço que lhe é pertinente no contexto de uma economia que pretende competir mundialmente.
Ora, somos um país de recursos privilegiados e, portanto, rico potencialmente. Porém, esta riqueza quando transportada incorretamente faz com que boa parte dela se perca ou então encareça, contribuindo para o desperdício. Nas rodovias do primeiro mundo predominam veículos leves. No Brasil, pelo contrário, o tráfego de veículos pesados é desproporcional, contribuindo para a carnificina do nosso Afeganistão rodoviário.
Por que razão o frete rodoviário custa mais caro? Porque o modelo é mais oneroso e irracional! Por ferrovia ou hidrovia se transporta muito mais em menor tempo, a menores custos e com maior segurança. É inadmissível que, por exemplo, entre Porto Alegre e Belém as cargas viajem de caminhão.
O Brasil é um país de clima quente. O amolecimento pelo calor e os altos índices de chuvas, próprios de países tropicais, comprometem rapidamente a durabilidade da pista asfáltica. Esse fator, associado ao excesso de carga por eixo impunemente utilizado, destrói em prazo comparativamente muito menor as rodovias brasileiras e caímos num círculo vicioso de recapagens e tapaburacos pagos pela sociedade na forma de mais impostos e taxas. Estradas em mau estado resultam em mais quebras e acidentes graves, ou seja, alto custo de manutenção de frotas. Roubar caminhão é mais fácil que vagão de trem. Trombam muito mais caminhões do que vagões de trem. Assim, os seguros têm de encarecer onerando os fretes e preços dos produtos.
Uma composição ferroviária de locomotiva diesel para 20 vagões custa US$ 3 milhões, estimativamente, tendo uma capacidade de carga de 1.000 toneladas e uma vida útil de 30 anos. Uma frota de 20 caminhões, modelo Jamanta, custa os mesmos US$ 3 milhões, tendo porem uma capacidade de carga de apenas 540 toneladas e menos da metade da vida útil. A frota de caminhões consumirá para a mesma carga, cinco vezes mais óleo diesel. Ainda sem entrar no mérito da possível e ainda mais vantajosa eletrificação. Não é preciso calcular. Basta comparar esses dados elementares para constatar que o trem é a melhor opção de transporte e de investimento para o país.
Merece apoio incondicional o esforço de melhoria da produtividade nas empresas e no campo. Porém, se o ganho de produtividade na fonte produtora é compensado pela irracionalidade do sistema de transportes, nossa competitividade internacional continuará irremediavelmente comprometida.
A malha rodoviária asfáltica brasileira é estimada em mais de 150.000 quilômetros. Em contrapartida, a malha ferroviária o é em torno de apenas 30.000 quilômetros e todos os dias são desativados mais ramais. O pouco que resta é mal mantido e mal operado, devendo em breve ser devolvido pelos operadores privados ao Estado mais sucateada do que a receberam.
Os efeitos disso tudo acabam refletidos no valor da etiqueta do supermercado ou na guia de exportação. O Brasil está na contramão do mundo quando procura a competitividade e corre o risco de não achá-la jamais, se não se recolocar nos trilhos imediatamente.
A solução é muito simples. Basta mudar a política de transportes para mais trilhos e hidrovias. O que nos entristece é que não há sinal de mudanças nos discursos de governantes, não obstante a época eleitoral.
A falta de visão da maioria dos políticos é tanta, que nem sequer no devaneio das promessa eleitorais a prioridade ferroviária ou hidroviária é mencionada. Resta a esperança de que nossos governantes, juntamente com a ala inteligente e idealista do empresariado, vislumbrem este cenário e se transportem para a história como verdadeiros estadistas e patriotas, fazendo via transportes algo mais significativo do que simples operações tapa-buraco."
Está tudo dito. A solução para transportar cargas e passageiros desafogando o já caótico trânsito de capitais e regiões metropolitanas está no uso dos trilhos e interligando todos a uma rede intermodal. 
Ônibus com trem com metrô e, quem sabe um dia, no caso de São Paulo que é cortada pelo Tietê e Pinheiros, por quê não sonhar com um barco levando pessoas em trajetos que liguem até a nascente do Tietê, em Salesópolis e a represa Guarapiranga?
Cremalheira - Reprodução/ MRS Logística S.A. 
Isso sem contar os trechos de ferrovia de carga que, com o Ferroanel, podem ficar mais ágeis, cargas demoram atualmente para atravessar de Jundiaí a Santos cerca de 29 horas devido neste trecho ser de uso ambíguo aos trens metropolitanos.
Fica a dica para os próximos governantes: invistam na intermodalidade, faz bem aos cofres públicos, faz bem a quem produz, faz bem ao povo.


Tenham uma boa semana!
* Texto parcialmente reproduzido do Blog do Ralph Giebrescht,Site Rubens Hering e G1

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Um trem sem alma

Linha 4 - Amarela

Do Vida Sobre Trilhos

Bons Dias Senhores Usuários!



Foto: Italo Silva/ Supra S9 News
Depois de uma terça terrível, uma inaguração com desconforto generalizados quando a imprensa foi solicitar ao governo explicações sobre o ocorrido na linha 3, na quarta um novo problema na suspensão fez com que fossem evacuados 3 carros de uma composição, Serra e Geraldo Alckmin fazendo corpo-a-corpo na linha 2 e eu, resolvendo problemas tenho uma ideia genial: conhecer a, até então, "misteriosa" e hi-tech linha 4.
Clique na imagem e veja as sugestões dos deputados




O acesso se dá pela integração pela estação Consolação que se liga por esteiras a estação Paulista. O acesso pra quem vem da rua é feito na Consolação, onde critícos diversos sempre dizem que uma confusão pode ser resolvida com a troca dos nomes, tornando Consolação estação Paulista e vice-versa. Mas, isso ainda pode ser analisado, assim como deputados que andaram votando mudanças em nomes de algumas estações do sistema e a mesma poderá num futuro não muito distante estar entre estas.


Mas, vamos justificar o título desta postagem.
Italo Silva/ Supra S9 News
Ao chegar no local de embarque, ao ver as portas de estação abertas já dá uma grande impressão de alta tecnologia, o que realmente é, pois elas se fecham primeiro em seguida as portas do trem. No trem, o salão de passageiros é ultra confortável: tem ar condicionado, bancos acolchoados (usando o padrão dos trens da CPTM, o que no Metrô nunca foi utilizado). O sistema "OPEN GANGWAY" (passagem livre) também é a grande sacada do trem que, o paulistano acostumado a andar de ônibus bi e/ou articulado estará bem acostumado a ver, e passar do primeiro ao último carro de um trem sem condutor é estranho. A "TV de Baiano" (apelido dado aos 1400 da CPTM quando este tinha janela do carro frontal "livre" para o usuário) é a grande atração para o usuário que pode ver um grande trecho de túnel. Túnel, sim, nada além de um extenso túnel e ao final dele, sempre que nos aproximamos, temos a visão da gare da estação (na minha humilde opinião, a gare da estação Paulista ainda é mais bonita do que a da estação Faria Lima).
Foto: Italo Silva/ Supra S9 News

Quatro viagens no final da operação comercial que, por ter uma duração muito curta, (das 9h às 15h) mais lembra uma operação assistida, porém, tarifada. E eis que descubro um segredo do TUE ROTEM: apesar de contar com o sistema CBTC com Driverless (Comando de Trem Baseado em Comunicação sem a presença de operador de trem), ele possui um sistema de comando. E mesmo a linha em um primeiro momento sendo o ódio do sindicato dos metroviários, é possível observar que há sempre 1 ou mais funcionários dentro de cada composição dando suporte de segurança e fazendo a comunicação aos usuários, caso essa se faça necessário. 
A falta do operador de trem acaba com a frieza que existe nessa relação usuário/ Operador deTrem ou Maquinista. Os funcionários sempre presentes podem estar ali sempre para atuar e dão uma sensação de confiança ainda maior. Mas, ainda tem uma coisa que faz esse trem ser sem alma: ele não tem placa. Sem placa, não remete a fabricante, não remete à pessoas que nele trabalharam e o fizeram para ali circular. Ele passa realmente a figura de um "trem fantasma" que, ao perguntar a um usuário "Ei, não teme ao saber que não há ninguém comandando esse trem e ele seguir tão rápido? " e este mesmo cair aos risos, nervosos risos, sem uma boa resposta pra justificar se tem medo ou se aquilo já se tornou cotidiano para ele.
Gare Estação Paulista/Foto-Italo Silva/ Supra S9 News
E se fosse na linha 3? Será que o usuário estaria pronto para enfrentar sem medos trens sem operadores? Pois o que houve na última terça, mesmo muitos sabendo que, mesmo sem o sistema driverless implantado na linha 4, o Metrô pode operar num todo sem um operador atuando para impor velocidade e frenagem. Uma das funções do Operador de Trem é manter a segurança quando o trem opera no modo automático (modo este que no horário do ocorrido era usado) e lá foi verificar um problema. O que hoje, em todas as linhas, com operador ou sem operador, falta na CPTM, no Metrô, na Supervia, na Trensurb, na CBTU e suas STM's faltam é SIMULAÇÕES DE SITUAÇÕES-RISCO com usuários presentes. Vendo um comentário, todas as companhias veem que precisam de investimento, expandir, aumentar e renovar frota, mas, investir no comportamento do usuário em situações de risco também é necessário. A linha 4 e a 5 são as mais seguras para o usuário desembarcar na via (devido a não adoção do terceiro trilho e sim da via aérea) e na linha 4 há uma esteira para o desembarque dos usuários. Também há as passarelas comuns nos túneis ao lado dos trens, mas, torna-se mais fácil caminhar na via com essa "facilidade". O que esperar agora dessa linha é que não aconteça o mesmo que a linha 2, que esperou muito tempo para "crescer inversamente" (ela praticamente surgiu no centro e depois migrou para o bairro), mesmo que todo seu trajeto já esteja em obras, pois essa é uma PPP (Parceria Público-Privada).


Tenham uma boa semana!
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