sábado, 30 de outubro de 2010

Conheça a nova identidade da biblioteca do Metrô de São Paulo: Seja bem-vindo a Biblioteca Neli Siqueira

Biblioteca com acervo técnico do Metrô ganha reestilização e modernização para atender a estudantes, funcionários e os "metrolinos"

*Do Vida Sobre Trilhos

Quando se precisa de um acervo com um grande número de materiais voltado na área do transporte, fica difícil procurar nas bibliotecas da cidade. Pensando nisso, uma funcionária do Metrô, a bibliotecária Neli Siqueira começou a guardar arquivos, impressos, relatórios operacionais, manuais, anuários estatísticos, informativos mensais do desempenho operacional, trabalhos e artigos apresentados em eventos e revistas especializadas, além de uma coleção de normas técnicas nacionais e estrangeiras, em formato convencional ou digital, que poderia ser utilizado para quem por ventura viesse a fazer trabalhos acadêmicos.

Imagem:Italo Silva/ Agência Supra S9 News
Mas, não só de acervo baseado em transportes a biblioteca contava, mas, contava com a credibilidade já de receber também monografias e teses do assunto, o que aumentava ainda mais as possibilidades de pesquisa. Também, com o tempo, tornava-se cada vez mais ampla ao conhecimento interdisciplinar, inserindo em seu acervo livros e materiais diversos das áreas de administração, arquitetura, comunicação, direito, economia, engenharia e ramificações, informática, entre outros assuntos.

Imagem:Italo Silva/ Agência Supra S9 News
Com o tempo, os funcionários percebiam que muitos dos que lá iam para pesquisar não permaneciam e, em alguns casos, pouco à vontade se sentiam para estudar. E, com as pesquisas de visitação, elaboraram como deveriam ser as modificações do espaço físico da biblioteca, que ganhou uma sala multímidia (com computadores conectados à internet e ao sistema de consulta de livros e TV via satélite) e uma sala específica para leitura, com estante para disposição de jornais, revistas semanais, mensais e livros que o Metrô recomenda por meio do projeto "Embarque na Leitura" (sendo essa sala existente, assim, resolvem-se, senão o maior, mas, o mais importante problema desta biblioteca até então, um local com conforto e relativo sossego para consultar livros e estudar).
A cerimônia de entrega da biblioteca foi nesta sexta (29).


Serviço

A Biblioteca Neli Siqueira funciona de segunda à sexta (exceto feriados), das 8h30 às 17h30.Realiza empréstimos entre bibliotecas e entidades técnico-científicas e, para usuário externo, é necessário uma requisição de empréstimo entre bibliotecas. O acervo pode ser consultado também pessoalmente, se dirigindo na Rua Augusta, 1626 - Térreo, São Paulo, a poucos metros do Metrô Consolação.
Mais informações pelos telefones:
(11)3371-7232/ 3371-7259
Telefax:
(11)3371-7134
E-mail:
bibli@metrosp.com.br


Comentários do Autor

Não houve como ficar indiferente depois de dois anos sem aparecer por lá e:
1) ser muito bem recebido, mesmo que eu precisasse falar um "ei, você ainda lembra de mim?" pra reavivar a memória de alguns;
2) depois de ser lembrado, ser mais do que felicitado por simplesmente ter aparecido, mas, por ter vencido, dizer para esses amigos que mudei de área, mas, estou [realizado]me realizando e que lá voltava pois sabia que lá sempre poderia contar quando tivesse dúvidas, ou seja, fonte de inesgotável saber e onde o conhecimento puro começa: os livros.
Se o SCC, TGVBR, ferrofãs que buscam conhecimento pleno e, até que em 90% de tudo o que é falado neste tópico pode ser considerado retirado de consultas a material técnico de lá.
O mais bacana de tudo é que isso desvincula a Biblioteca Neli Siqueira do projeto Embarque na Leitura. Geralmente, ouviam falar em livro+metrô= Biblioteca do Metrô. Inclusive a própria encarregada da biblioteca (reiterando, um amor de pessoa!) conta que, certa vez ao receber uma ligação de uma usuária, lhe informou o endereço, a mesma disse "nossa, que longe!". Se essa reclamou que era longe, imagina o pessoal da CP (Comboios de Portugal) que certa vez entrou em contato atrás de um determinado documento? Pois é... Mas, diferentemente dessa usuária, eles negociaram muito por causa da distância uma cópia escaneada enviada por e-mail dos capítulos/trechos que lhes eram necessários.
Eu, sempre que possível e toda vez que for necessário, aportarei por lá, pois agora sei que estarei mais confortável ainda (antes já achava o máximo, agora, só ficou melhor!).


Tenham uma boa semana!

*Com informações do site da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô)

sábado, 9 de outubro de 2010

De Regiane Alencar, "A Hora do Pico"

Reflexão de autora independente, mas, aprovada por este blog


*Do Ovelhas Incandescentes


Bons dias Senhores Usuários!


Publico aqui um ótimo texto de uma amiga. Chamo assim, mesmo sem conhecê-la pessoalmente, mas, há muitas particularidades que fazem crer que assim possa chamá-la e que também assim ela me vê.
Como profissional, é uma ótima comunicadora, só ainda não se deu conta desse talento natural, mas, logo estará encaminhada para tal e se juntará ao time dos jornalistas. Grande leitora, pois em grande parte de seus textos referencia livros e citações de grandes autores contemporâneos e modernos, fala muito bem e expõe sua opinião sobre diversos assuntos, enfim, merece o respeito.
Se hoje ela ganha o espaço nesse blog é porque seu texto fala por si.


Apreciem.
Horário de pico


Do alto, olhava a cidade lá embaixo.
Era quase seis horas da tarde, o céu já estava escuro, os ônibus passavam cada vez mais cheios, as ruas estavam cada vez mais tumultuadas, o metrô... impossível entrar ou sair. O famoso e temido "horário de pico" se aproximava.


Foto:Italo SIlva/Agencia Supra S9 News
No livro "1984", havia a "hora do ódio". Em São Paulo, havia o horário de pico. Hora em que as pessoas evitavam sair na rua, pegar o ônibus, sair do trabalho, sair da escola, da academia, do curso e "Deus me livre", pegar o metrô.

Olhava tudo de lá de cima. Não precisava mais se preocupar com rua, ônibus, sair do trabalho, da escola, da academia, do curso, e graças a Deus, do metrô.
Nem sempre foi assim. Já passou por essa "provação". Já saiu muito mais cedo do que seu horário normal, para evitar o aterrorizante horário de pico. Já rezou ao sair do trabalho, para que, pelo menos chegasse segura em casa, mesmo que tivesse que esperar uma ou duas horas até conseguir entrar em um trem, ônibus ou o que fosse. Já vibrou a cada vagão vazio que chegava na estação Sé. Alegria de pobre é ver o vagão chegando vazio na estação Sé. E muitas pessoas devem estar rindo ao ler isso porque sabem que é verdade.
Mas no meio do aperto ainda há um alívio. Cansou daquilo que chamava vida. Se até no meio dos vagões lotados da Sé, em pleno horário de pico, ainda há um vagão que vem vazio, então o resto também se resolve.
Não desistir, não deixar de ouvir e de se fazer ouvir, não se calar (exceto nos casos em que calar a boca é fundamental e até saudável), não deixar de querer, de se arriscar, e quando necessário, ignorar.



Partiu para o tudo ou nada, com direção ao tudo. Arriscou, quis, ignorou, quis!


Faz parte das escolhas que fazemos na vida, ouvir ou não ouvir. Aceitar ou não aceitar.
Com pessoas, a mesma coisa. Há pessoas que temos que escolher se elas ficam ou saem da nossa vida.
Jogou o passado fora, ficou com o presente e se guardou para o futuro.

Essa não é uma história de moral, nem de lições, nem de nada. Cada um que a veja como quiser e como puder.
Tem coisas que só a gente para saber e para entender. Cada um sabe da sua vida, das suas vitórias e das suas derrotas. Cada um que escreva sua história com os personagens que escolher. Mas sempre, escolher.
Sempre escolher, melhorar, continuar, mudar e apagar o que tiver que ser apagado. Reescrever sua história quando for preciso e nunca deixar terminar.
Quando chegava essa hora... o famoso e enervante horário de pico, não se preocupava com mais nada. 
Apenas olhava, imperturbável, a cidade lá embaixo. E agradecia por estar lá em cima.
E abençoava a cidade lá embaixo.


Tenham um bom feriado prolongado!

*Texto totalmente retirado do Blog Ovelhas Incadescentes, mediante autorização da autora e citação da fonte.

domingo, 3 de outubro de 2010

O caminho do desenvolvimento econômico: Intermodalidade

*Do Vida Sobre Trilhos


Bons dias Senhores Usuários!


Hoje, escrevo um texto adaptado de um blog, vamos dizer, parceiro. Parceiro, pois sempre leio suas postagens e não é incomum ver entre meus tweets links para esse blog como ótima dica de leitura. E ao ler hoje seu blog, algo me chamou atenção.Resolvi replicar uma postagem do blog do Ralph Giesbrecht, sócio do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, em seu currículo 3 livros sobre ferrovias e uma biografia sobre seu avô, Sud Menucci e, nesse post, contém um artigo que diz exatamente o que o Brasil precisa, o que os mais velhos vivem dizendo, mas, muitos políticos parecem deixar isso de lado.
"Le train" - REPRODUÇÃO/ Claude Monet
Tal assunto começa a entrar com mais rotina na imprensa, não mais a especializada e também não só mostrando quando ocorrem acidentes, vandalismos ou novas estações e trens, mas, ampliar as linhas do transporte de cargas, reativar trens de longo percurso (estes que deram o último suspiro em 1998 com "falecimento" do Trem de Prata).
O artigo parte do candidato ao senado Rubens Hering. Observe, o texto é visionário e político:


 "Minhas lides com o Seguro de Transportes e o contato com o setor, me tem feito questionar um dos paradigmas nacionais: se temos matérias-primas abundantes, os menores salários mundiais, energia mais barata, o que falta então para sermos mais competitivos?
Estamos perdendo a competitividade adquirida no chão das fábricas ou fazendas a partir dos seus portões de saída. O Brasil errou historicamente ao adotar um modelo de transporte predominantemente rodoviário. Um país com dimensões continentais e características climáticas como o nosso não poderia jamais ter optado pela preponderância das rodovias para distribuir suas riquezas e circularem as pessoas. Os governantes da época, por total falta de visão, lesaram a pátria criando um dos maiores agravantes do chamado custo Brasil.
Nos países desenvolvidos o transporte coletivo e de cargas prioriza os modais ferroviário e hidroviário. No Brasil este cenário está invertido. O transporte fluvial é precário e concentrado na Bacia Amazônica. A cabotagem é incipiente nos milhares de quilômetros do litoral. O transporte ferroviário é muito ruim e a malha ferroviária permanece sucateada, não obstante as privatizações. Os modais de transporte, ao invés de se integrarem concorrem predatoriamente entre si. É preciso resgatar a racionalidade do sistema pela integração e ocupação de cada um dos modais, do espaço que lhe é pertinente no contexto de uma economia que pretende competir mundialmente.
Ora, somos um país de recursos privilegiados e, portanto, rico potencialmente. Porém, esta riqueza quando transportada incorretamente faz com que boa parte dela se perca ou então encareça, contribuindo para o desperdício. Nas rodovias do primeiro mundo predominam veículos leves. No Brasil, pelo contrário, o tráfego de veículos pesados é desproporcional, contribuindo para a carnificina do nosso Afeganistão rodoviário.
Por que razão o frete rodoviário custa mais caro? Porque o modelo é mais oneroso e irracional! Por ferrovia ou hidrovia se transporta muito mais em menor tempo, a menores custos e com maior segurança. É inadmissível que, por exemplo, entre Porto Alegre e Belém as cargas viajem de caminhão.
O Brasil é um país de clima quente. O amolecimento pelo calor e os altos índices de chuvas, próprios de países tropicais, comprometem rapidamente a durabilidade da pista asfáltica. Esse fator, associado ao excesso de carga por eixo impunemente utilizado, destrói em prazo comparativamente muito menor as rodovias brasileiras e caímos num círculo vicioso de recapagens e tapaburacos pagos pela sociedade na forma de mais impostos e taxas. Estradas em mau estado resultam em mais quebras e acidentes graves, ou seja, alto custo de manutenção de frotas. Roubar caminhão é mais fácil que vagão de trem. Trombam muito mais caminhões do que vagões de trem. Assim, os seguros têm de encarecer onerando os fretes e preços dos produtos.
Uma composição ferroviária de locomotiva diesel para 20 vagões custa US$ 3 milhões, estimativamente, tendo uma capacidade de carga de 1.000 toneladas e uma vida útil de 30 anos. Uma frota de 20 caminhões, modelo Jamanta, custa os mesmos US$ 3 milhões, tendo porem uma capacidade de carga de apenas 540 toneladas e menos da metade da vida útil. A frota de caminhões consumirá para a mesma carga, cinco vezes mais óleo diesel. Ainda sem entrar no mérito da possível e ainda mais vantajosa eletrificação. Não é preciso calcular. Basta comparar esses dados elementares para constatar que o trem é a melhor opção de transporte e de investimento para o país.
Merece apoio incondicional o esforço de melhoria da produtividade nas empresas e no campo. Porém, se o ganho de produtividade na fonte produtora é compensado pela irracionalidade do sistema de transportes, nossa competitividade internacional continuará irremediavelmente comprometida.
A malha rodoviária asfáltica brasileira é estimada em mais de 150.000 quilômetros. Em contrapartida, a malha ferroviária o é em torno de apenas 30.000 quilômetros e todos os dias são desativados mais ramais. O pouco que resta é mal mantido e mal operado, devendo em breve ser devolvido pelos operadores privados ao Estado mais sucateada do que a receberam.
Os efeitos disso tudo acabam refletidos no valor da etiqueta do supermercado ou na guia de exportação. O Brasil está na contramão do mundo quando procura a competitividade e corre o risco de não achá-la jamais, se não se recolocar nos trilhos imediatamente.
A solução é muito simples. Basta mudar a política de transportes para mais trilhos e hidrovias. O que nos entristece é que não há sinal de mudanças nos discursos de governantes, não obstante a época eleitoral.
A falta de visão da maioria dos políticos é tanta, que nem sequer no devaneio das promessa eleitorais a prioridade ferroviária ou hidroviária é mencionada. Resta a esperança de que nossos governantes, juntamente com a ala inteligente e idealista do empresariado, vislumbrem este cenário e se transportem para a história como verdadeiros estadistas e patriotas, fazendo via transportes algo mais significativo do que simples operações tapa-buraco."
Está tudo dito. A solução para transportar cargas e passageiros desafogando o já caótico trânsito de capitais e regiões metropolitanas está no uso dos trilhos e interligando todos a uma rede intermodal. 
Ônibus com trem com metrô e, quem sabe um dia, no caso de São Paulo que é cortada pelo Tietê e Pinheiros, por quê não sonhar com um barco levando pessoas em trajetos que liguem até a nascente do Tietê, em Salesópolis e a represa Guarapiranga?
Cremalheira - Reprodução/ MRS Logística S.A. 
Isso sem contar os trechos de ferrovia de carga que, com o Ferroanel, podem ficar mais ágeis, cargas demoram atualmente para atravessar de Jundiaí a Santos cerca de 29 horas devido neste trecho ser de uso ambíguo aos trens metropolitanos.
Fica a dica para os próximos governantes: invistam na intermodalidade, faz bem aos cofres públicos, faz bem a quem produz, faz bem ao povo.


Tenham uma boa semana!
* Texto parcialmente reproduzido do Blog do Ralph Giebrescht,Site Rubens Hering e G1
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