terça-feira, 28 de junho de 2011

A Vida pede atenção | Parte II - "Causo" ferroviário

Do Vida Sobre Trilhos


Bons dias senhores Usuários!


Devido a alguns problemas com compromissos pessoais, falhei nessa coluna durante o mês de maio. Logo, vou repor com um causo que é como um "espelho" ao causo que o Anderson Nascimento nos contou em abril.
Se você tem causos engraçados, tristes, emocionantes, de amor e até cotidianos que passam um pouco do normal, nos envie pelos canais do blog: via e-mail no vstrilhos.blog@gmail.com, nos curta no Facebook e compartilhe como nota na fan-page http://facebook.com/vstrilhos ou tuíte no @vstrilhos. Claro que, no Twitter é só o gostinho da história.


Vamos ao "causo"!


Era uma sexta-feira. Dia esse um tanto incomum, já que, por algum milagre, consegui pegar um ônibus mais cedo, porém, o motorista não andava conforme o passo do horário (rápido nos trechos dentro da capital e no limite urbano de 60km/h dentro do Rancho Grande, em Itaquaquecetuba, local com maior desembarque até "bater lata" indo pra Mogi). Não parei no trailer de lanches da "Tia" Angela, pra bater um papo e, até mesmo, comer um "pequeno" monstro que é o hot-dog médio que ela faz. Fora o "Tio", do qual passamos horas conversando sobre estradas e carretas. Segui direto, o tempo estava ameno, mas, algo gelou e me gelou de repente.
A passagem de nível de Jundiapeba estava fechada, um trem encontrava-se de partida sentido Estudantes e, de repente, eis que num salto à frente do trem, praticamente escapa de um atropelamento fatal. Observando essa cena, na hora, não me faltaram dois pensamentos: "UAU! Verei o primeiro suicídio na ferrovia e sou o único "jornalista" presente!" e "Meu Deus!! Que cara maluco!! Tem m&#%@ na cabeça pra fazer isso, será possível?!". Passado isso, segui em frente. Indiferente, até olhar a feição do sujeito que cometeu tal ato de perigo extremo. Lágrimas encharcavam seu rosto, estava desolado, perdido e com o andar desorientado também. Passei, olhei aquela cena, fiquei analisando a situação, lembrei-me na hora do que houve com Anderson.
Por impulso, voltei e perguntei ao jovem o que estava acontecendo. Me disse que seu nome era Tiago, estava triste, se sentia só já que sua família estava no exterior, sua mãe não se importava com ele. Sua casa era praticamente dividida com os funcionários que pra ele trabalhavam (dizia ser um rapaz de posses, que largou a vida em locais fabulosos em grandes países e outros até onde tinha casa para ficar no Brasil onde supôs ter amigos) e mais ninguém. Contou-me, inclusive que, por causa de amigos, transferiu um carro para o nome de um desses. Esses talvez aproveitando de uma certa ingenuidade que demonstrou enquanto conversávamos e contava sobre os motivos que levavam aos prantos. Disse para esquecer esse tipo de amizade, não são amigos, gente que o maltratava, que lhe faziam mal. Mas, rebatia, dizendo que não tinha outros. Então, ofereci a única coisa que podia lhe oferecer naquele momento: abraços fraternos e um pouco da minha amizade naquele momento. Deixei meu telefone pra ver se ele retornaria e talvez torna-se de fato, uma amizade, mas, nunca ligou. Eram mais de 0h10 quando embarcou sentido Estudantes atrás de táxi para o bairro em que mora.

Tenham uma boa semana!

sábado, 25 de junho de 2011

Nos Trilhos da Balada #2: Parada do Orgulho LGBT

Com diversos eventos durante o mês, a Parada de domingo é o evento que encerra as atividades do mês do Orgulho LGBT


Boa noite, baladeiros!


Desde o dia 6 de junho foram iniciadas as atividades do mês do orgulho LGBT, que se encerrará no dia 9 de julho. Com ampla programação, incluindo desde debates, espetáculos de dança, teatro, música, cinema, concurso de beleza, palestras, oficinas, exposições de artes plásticas, fotografias, esculturas e trabalhos acadêmicos com foco na temática gay e com profissionais de diversas áreas de conhecimento gays ou não-gays.
A parada, antes denominada de "Parada do Orgulho GLT" começou tímida há 15 anos atrás, reunindo ao redor de uma Kombi com caixas acústicas e praticamente nenhum glamour 2 mil pessoas para protestar em prol do tema "Somos muitos e estamos em todas as profissões!"
Público na Parada
Créditos: Gabriel Victal - APOGLBT
Na terceira parada, eis que ela começa a ganhar o status de não só um protesto, mas, um evento, já que naquele ano atraiu 35 mil pessoas e então se oficializou a APOGLBT (Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo). Com os anos, a parada foi crescendo, até que a prefeitura de São Paulo resolveu impor a primeira sanção ao evento, o TAC (Termo de Ajuste e Conduta), um conjunto de normas a serem seguidos por organizadores de grandes eventos em espaços públicos, o que quase retirou o evento da Avenida Paulista em 2006, quando atingiu a marca de 3 milhões de pessoas (nessa época, já considerada pelo Guinnes World Records como a maior manifestação do gênero no mundo).


Eventos da Parada


Hoje, no Playcenter é dia do 11º "GayDay", com programação toda voltada ao público. Fora as atrações do parque, haverá a presença do DJ novaiorquino Scott Thomson, comandando as pick up's. Hoje também, partindo da Praça Osvaldo Cruz, haverá a 9ª Caminhada Lésbica com o tema: “Ser lésbica é um direito! Nós podemos muito mais!”, à partir do 12h. Às 20h, na Casa das Rosas, um espetáculo de dança misturando a linguagem contemporânea com elementos visuais para abordar os relacionamentos dentro do universo homoerótico masculino. Esse é o "Pistilo", com direção de Robson Ferraz, Priscilla Devanzo e Andréia Ferreira Yonashiro. No domingo, após a parada gay, “Chá da Alice – Intercâmbio Rio / São Paulo – After Parada LGBT” no Hotel Cambridge.
No dia 28, no Teatro do Ator haverá o espetáculo "Transparência". A história fala dos dilemas entre o glamour e dificuldades da carreira de um artista para alcançar o sucesso. Claudia Rosas é uma transexual que mora em uma pensão e vive maus bocados no seu dia a dia. Do ápice das gargalhadas ao drama mais profundo: assim é a trajetória desta personagem rica de fantasias, sonhos e tristezas. Com a direção de Sebah Vieira, texto Nelson Albissú e Jheniffer Luderitz no elenco.
E tudo isso, até 850 metros de estações do Metrô/CPTM. O Playcenter fica a 850 metros da estação multimodal Palmeiras-Barra Funda; A Praça Osvaldo Cruz está entre as estações Brigadeiro (L2), Paraíso (L1 e L2) e Vergueiro(L1); A Casa das Rosas está a 450 metros do Metrô Brigadeiro (L2); O Teatro do Ator é o único trajeto mais chato: partindo da Estação Paulista (L4), algo em torno de 1,1km à pé.


A Parada do Orgulho LGBT


Bandeira multicolorida: um dos principais símbolos
da Parada LGBT/ Débora Ferraz - APOGLBT
Junto a Festa de Révellion e a corrida de São Silvestre, é o único evento e mais significativo que o poder público permite e apóia ser realizado na Avenida Paulista. Devido a isso, hotéis da região da avenida sempre permanecem com a lotação máxima, restaurantes fazem cardápios especiais para o evento e boates diversas festas temáticas durante todo o mês do orgulho LGBT em São Paulo, sendo esse o segundo evento que ocorre na capital que mais traz dinheiro pra cidade, perdendo apenas para a Fórmula 1.
Com previsão de receber 3 milhões de pessoas e 20 trio-elétricos para animar todo esse público, no 15º ano de parada prometem bater mais um recorde: o maior número de casais dançando valsa. O convite já foi feito, responsáveis por aferir recordes da Guinnes prometem comparecer e ver se irão superar o atual recorde de 1500 casais dançando em uma praça da Bósnia.
Quer ajudar os organizadores a bater este recorde? É simples: vá de Metrô, dando preferência ao desembarque na estação Brigadeiro (L2) e durante todo o domingo, as frotas das linhas 1 - Azul, 2 - Verde e 3 - Vermelha será reforçada. Devido as restrições aos veículos e bloqueios nas avenidas, ir de carro é inviável. Cinqüenta linhas de ônibus terão seus itinerários desviados da avenida.


Confira programação completa: Oficial e Paralela.


Nota Geral: 9,5


Boa diversão, baladeiros!


Com informações do site paradasp.org.br, SPTrans, Metrô de São PauloPortal G1 e Playcenter. Se beber, não dirija: Vá de transporte público, é rápido, seguro e barato!

sábado, 11 de junho de 2011

Nos Trilhos da Balada #1: Festa do Divino Espiríto Santo 2011

Festa tradicional reúne milhares de pessoas em 10 dias. Pratos tradicionais, música e o melhor: a poucos metros da Estação Estudantes da CPTM


Boa noite, baladeiros!


Começa aqui a primeira edição da coluna "Nos Trilhos da Balada". Pra dar certo, conto com o apoio de vocês indicando lugares e locais bacanas a serem visitados pelo twitter o @vstrilhos, pelo e-mail, o já conhecido vstrilhos.blog@gmail.com e na fan-page do Facebook, onde você pode se pronunciar a vontade sobre o assunto. Os requisitos básicos para entrar aqui e virar dica é: ficar num raio de até 600 metros da estação de trem ou metrô (não vale pegar ônibus ou táxi pra chegar no lugar, só caminhada até o lugar), barzinho com música ao vivo vale, contanto que indicações do que comer venham acompanhadas e os melhores dias pra ir, evento curto deverá ser avisado com antecedência para que avaliação seja válida e não importa o que toque no local, a balada tem que ser boa, bacana e de preferência, barata.




A Festa do Divino Espírito Santo


Por quê? Proximidade e fácil localização são as duas maiores palavras-chave no quesito ir. Em média, leva-se 15 minutos da Estação Estudantes da CPTM até o local (vide mapa). 
Visualizar Mapa para Festa do Divino em um mapa maior



Imagem do Divino no Sub Império no local da Festa
Acessibilidade também, o local é bem servido de transporte, já que a quem interessa, ir de trem não é única opção: é possível chegar a Avenida Cívica no bairro do Mogilar, no local dos festejos de ônibus da Viação Pássaro Marrom (vindo da capital ou das cidades do vale do Paraíba), Viação Jacareí, Breda (Artesp) e os metropolitanos da EMTU que servem a toda região e tem ponto final no novo terminal Estudantes. Como festa, a tradição presente da celebração católica e devoção no Espiríto Santo é presente e a de Mogi das Cruzes, confere historicamente ser comemorada desde o final do século XVII, ainda que os festejos hoje tenham se tornado grande devido aos patrocínios, ganhando status de super evento e diversas empresas, da região ou representadas regionalmente, se inserem patrocinando a infraestrutura do evento que acaba atraindo grandes públicos muito além do imaginado (ou seja, todo ano, a festa recebe mais gente do que o previsto).


Festa de Inverno


"Vale-Divino": Troque seu dinheiro por essas
notas para consumir durante a festa
As opções de comes e bebes caracterizam como "quente" a Festa do Divino: vinho quente, choconhaque, quentão, "Delícias do Milho" (bolo, currau e pamonha), escondidinho de carne seca, arroz-doce, fondue de frutas, quirerinha (canjica mineira ou xerém), caldos em geral, entre outros, sã*o delícias que se encontram na festa, além do tradicional afogado. Tudo isso à partir de R$2,00 até o R$9,00. Toda renda obtida nos comes e bebes é revertida as instituições de caridade que participam da festa.

Conclusão

Este é último final de semana da festa. Para quem gosta do clima, não se importa com multidões, é uma festa válida, os preços até que não demasiadamente salgados e a renda é toda revertida em obras assistênciais e para instituições de caridade ligadas à igreja e que atuam ativamente em apoio à comunidade na qual é inserida. Diversão há: um pequeno parque, música ao vivo e uma tenda dos patrocinadores presentes garantem a diversão dos presentes, além do "clássico" "Bingo de Quermesse" e outras diversões.
Hoje e amanhã, a festa começa às 14 e encerra às 23h30.

Nota final: 6,5

Boa diversão, baladeiros!

*Não dirija: utilize o transporte público ao beber nesta festa, é mais rápido. Consulte tabelas horárias nos sites da CPTM, EMTU, Viação Jacareí, Viação Breda e Artesp. Mais informações sobre a Festa do Divino, clique aqui.

#ERRATA em textos da CPTM e MetrôSP

Assim como os profissionais, os jornalistas
graduandos também erram
O "Vida Sobre Trilhos" é feito por um graduando e, não tão diferente de um profissional, também erra. Erro de interpretação em leitura de informações, por isso, faço retratação dos seguintes textos:

Publicado no Blog, o texto "Bastidores de uma greve por respeito": Segundo o informativo "O Trilho", editado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de São Paulo, responsável pelas linhas 7 - Rubi e 10 - Turquesa, NÃO EXISTE A PROPOSTA DE AUMENTO DE 4,3% E R$19,30 no Vale Refeição pela CPTM, mais tarde confirmada em entrevista dada pelo secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes na Estação Sé durante coletiva de entrega dos trens do Metrô (vide nota e matéria neste blog/fan page).

Já na nota "Governo requenta trens em operação da CPTM para cerimônia de entrega de trens novos do MetrôSP", foi inserida foto do trem Budd reformado pelo consórcio liderado pela Bombardier dando a entender que uma das composições entregues foi esta, o que, de fato, não foi.

Peço desculpas caso alguém tenha se sentido lesado por incoerência e/ou confusão nos dados apresentados. Reforço aqui o compromisso de sempre levar a informação com o máximo de precisão possível e principalmente, clareza a você, usuário dos transportes públicos.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Bastidores de uma greve por respeito


Além do aumento, ferroviários da CPTM demonstram indignação com outros setores considerados deficientes, segundo funcionários. Greve parou parcialmente quatro linhas por 48 horas e todo o sistema por 24 e foi a primeira e maior da malha paulista

*Do Vida Sobre Trilhos

Bons dias Senhores Usuários!

Proposta inicial ironizada por funcionários - 31/05/2011
Cinco por cento. Esse é o percentual de reajuste que os funcionários dos quatro sindicatos - Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de São Paulo - STEFSP, Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana - STEFZS e Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo e o Sindicato dos Trabalhadores da Zona Central do Brasil - Sindcentral - reivindicam desde o ano de 2007 e não tem sido atendidos desde então. No ano de 2009, houve ameaça de greve, da qual não prosseguiu. Em 2010, o mesmo, com um porém: houve um aumento obtido por meio de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho: 0,88% em vista dos 5% reinvidicados.
Esse ano foi diferente.
No ano passado, segundo os membros da Sindcentral, havia pouca união sindical para que mobilizasse os ferroviários dos pares de linhas a quais cada sindicato mobiliza - STEFSP (linhas  7 - Rubi e 10 - Turquesa), STEFZS (8 - Diamante e 9 - Esmeralda) e Sindcentral (11 - Coral e 12 - Safira), além dos engenheiros - e, esse ano, por um acaso, os Metrô também reivindicava seu aumento, já que também havia mudado a época de seu dissídio para não gerar confusões eleitoreiras como as do ano passado.
Família Ferroviária - Faixa da campanha salarial da
Sindcentral
Com essa união metroferroviária, o transporte sobre trilhos pararia por completo se as companhias de trens e a do metropolitano não se movimentassem em busca de solução para que um caos já imaginado em diversos tweets do Metrô (já que a CPTM NUNCA acreditou na hipótese de uma parada) avisar sobre o Plano de Apoio à Empresas em Situação de Emergência, a operação Paese. A CPTM foi crer na possibilidade da greve ocorrer de fato quando a assembléia foi iniciada às 19h, nas sedes dos sindicatos e, no caso da Sindcentral, em frente a estação Brás.
Para um público de pouco mais de 150 pessoas participando ativamente da assembléia e funcionários em operação, os sindicalistas apresentaram a proposta feita pela companhia e decretaram a greve. O vice-presidente do Sindicato afirmou veemente que o Tribunal que realizou a conciliação entre sindicato e companhia poderia não seria justo e não estava à favor das condições do funcionário da companhia, segundo ele, este mesmo tribunal fez os ferroviários "engolir" o aumento de 0,88%, mas, desta vez, foi diferente:
"O tribunal, aquele tribunal que na sexta-feira, os companheiros que estavam aqui presentes, que vieram nos ajudar na panfletagem, viu que nós denunciamos 'não vamos esperar nada de bom do tribunal pois esse foi o tribunal que empurrou goela abaixo o 0,88%', vocês lembram muito bem. Esse mesmo tribunal ontem falou pra CPTM: '2,75% é pouco. Vou dar uma lição de casa pra CPTM e pros ferroviários: vão embora agora e a CPTM volte com uma proposta melhor e apresente-a' ou nós vamos parar amanhã. A CPTM se defendeu com o seguinte argumento: 'estamos dando o reajuste de 2,75%, um por cento a mais que eles tem de direito por força de acordo coletivo que foi assinado com os três sindicatos (Sorocabana, Trabalhadores em Empresas Feroviárias de SP e Engenheiros) . Naquele momento, eu pedi a palavra pra presidente do tribunal e falei que, o ferroviários da zona leste não tinham aceito aquele acordo dos 0,88% e não aceitariam uma nova imposição do tribunal. O tribunal disse a CPTM para ir embora, fazer a 'lição de casa' e amanhã retornem às 12h15 com uma nova proposta da CPTM, com um novo processo de negociações para nós."
Durante a assembléia, os diretores apresentaram um novo tratado com 65 cláusulas sociais foi assinado, porém, só ficou emperrado no que se refere aos reajustes de salários, benefícios e o dissídio. Palavras de ordem, gritos constantes quando se referem as propostas da CPTM como "vergonha" eram proferidas a toda hora.
A tensão era vista a cada momento durante cada ligação recebida pelo diretores dos sindicatos.
Adesão dos funcionários a greve - 31/05/2011
As assembléias aconteciam ao mesmo tempo, na Sorocabana, Ferroviários de São Paulo, Engenheiros e Metroviários. Todos estavam se sentindo fortes, unidos para um movimento que  somente fora relatado por um ferroviário aposentado, presente na assembléia da Central e que discursou aos presentes. Martinelli, 86 anos, viveu uma agitação sindical difícil: Era Vargas e Ditadura Militar de 1964. Como ferroviário, contou que unia em sindicatos (portuários, aeronautas e ferroviários), quando um tinha problemas com seus patrões e/ou sindicatos patronais e mobilizava uma parada em prol de um sindicato de classe. Quando se tratava de ferrovia, Martinelli tem histórias de se parar ferrovias BRASIL AFORA (ou seja, o que houve nessa greve foi único para esse modelo estatal, mas, não novo). Não duvidem que, pela idade de Martinelli, as grandes greves ferroviárias da RFFSA ele esteja envolvido.
Durante todo o tempo, enquanto as definições ainda não saiam, a CPTM não divulgava nenhuma tentativa via redes sociais e site oficial sobre possibilidade da greve, o Metrô dava sua última cartada num sindicato já decidido a parar as operações no dia primeiro de junho: um fax chegou aumentando a proposta anterior (6,39% mais aumento real de 1,3%) para 8% de reajuste salarial, também ao vale-refeição (VR), vale-alimentação de R$ 150, licença maternidade de 6 meses e avanços nas questões internas da companhia na relação empresa-funcionário.
Durante a assembléia do dia 31, dois terços dos funcionários, mesmo com um dos representantes da Sindcentral presentes e apoiando a parada, ficaram em dúvida e marcaram uma nova assembléia, para o dia 2/6. As linhas 8, 9, 11 e 12 passaram o dia 1º em operação parcial. Durante o dia 1º de junho, houve outra assembléia, onde a CPTM novamente não fez uma proposta satisfatória e a greve, agora prosseguiu até o dia 2 quando em nova assembléia, a CPTM fez nova proposta - 4,3%, 1,5% de aumento real e R$19,30 no vale refeição -, fazendo os ferroviários repensarem recuarem.
Mas a greve ainda não havia acabado e a proposta aceita. Após prejudicar 2,4mi de usuários diários do sistema paulista da região metropolitana e interior (Jundiaí e região servida pela linha 7 - Rubi), em questão de horas, as linhas 7 e 10 estavam de volta a circulação. Demais, iniciaram a operação normal às 4h do dia 3 e já às 0h, os cargueiros circulavam normalmente.


O que ninguém fala da greve e o que os funcionários não expõem


Não é fácil e pode parecer comum para muitos justificar somente a greve por salários. Poucos dizem que esta foi só e tão somente por melhores condições de trabalho, o que chega a ser o caso da ameaça do Metrô e a greve da CPTM, mas, no caso da CPTM, é um pedido, uma correção salarial que não era efetuada desde 2007. Se realmente os funcionários fossem cobrar o equivalente ao período, some aos 5% reivindicados mais 8,26% que são as perdas durante os últimos quatro anos.
O que muito se falou direto dos funcionários foram de falhas, desde operacionais, manutenção, planejamento e material rodante. Por que os próprios funcionários apontariam, talvez até mesmo, erros que possam ter seu dedo de culpa? Busca de solução.
Durante discurso, um funcionário disse o seguinte:
"Eles pagam um preço absurdo num curso pra quê? Pra você ser co-responsável em caso de sofrer um acidente e "tirar o deles da reta", no português claro. Vi um maquinista reclamando que estava segurando o trem lá porque o homem-morto não funciona. A CPTM mostra uns trens bonitos, uma cara bonita, mas por dentro uma carcaça. O trem é bonito, mas, o trilho parte ali... Entre Itaquera e Guaianazes, todo mundo sabe, ali é uma gambiarra, era pra ser Metrô, ele tava voltando pra  Arthur Alvim pra transpor para outra linha e já vi usuário descendo do trem pra "pegar" o maquinista!"
A citação é parte do discurso de um funcionário de uma subestação, que afirmou também não só ele como outros funcionários terem problemas com treinamentos e equipamentos indevidos e/ou fora das normas técnicas. Conforme a citação, o trem que cita é o da último adquirido pela companhia e que circula por quase todas as linhas da CPTM. Não só esse funcionário que nem é da operação dos trens, mas, os próprios maquinistas hoje evitam estar em linhas em que o CAF Série 7000 esteja na escala (o que atualmente é quase impossível, salvas exceções).
O desconforto com o dispositivo de segurança chamado homem-morto, dispositivo esse vital para a segurança da viagem, já que ele é quem verifica se o maquinista está presente e com condições de saúde adequadas para prosseguir viagem, diferente de outros trens que tem acionadores nas mãos e nos pés, mas, no caso de estar nos pés, próximo ao painel, ele fica fora da região do painel de comando. Além de ficar longe do alcance, o dispositivo deve ser verificado, em média, a cada um minuto pelo maquinista e muitas vezes, falha, o que acaba por gerar freadas bruscas, pois aciona o freio de emergência.
Na operação, uma reclamação feita por funcionários é o "saber desnecessário": no sistema de estações, funcionários sabem e devem saber, por exemplo, o que devem fazer caso haja um vazamento de combustível fóssil numa refinaria localizada às margens da linha 10, próximo a estação São Caetano do Sul. Detalhe: o funcionário presta serviços na linha 12 - Safira, que serve os municípios de Poá, Itaquaquecetuba e São Paulo. E julgam que o necessário, por exemplo, não dispõe e/ou não podem divulgar, como as informações da situação das linhas e intervalos. No quesito manutenção e planejamento, não fica atrás.
Hoje a CPTM se prepara para ter, antes da gestão José Serra, quase o dobro da frota que encontrou ao assumir o estado em 2006. Somados aos discutíveis série 2000 fase II ou 2070, somam-se 105 novos trens e quase toda frota renovada. Mas, inserir uma frota inteira como essa, prevê ou, ao menos deve prever, obras e um bom planejamento para renovação e construção de subestação de energia. Mas, quando os funcionários citam que, as subestações que são renovadas, citam com desgosto: mal renovadas, já ultrapassadas.
E por quê?
Burocracia e o planejamento futuro não pensou em demanda futura. Logo, em breve, mesmo que os novos trens não sejam potenciais "beberrões", as subestações não estarão prontas para a maior facilidade do sistema de tração: produção e transmissão de energia via rede aérea. Hoje, os trens desperdiçam essa energia "queimando-a" por efeito joule (calor).
A manutenção nos trens também fica a desejar. Trens hoje estão sendo sucateados após parceria público-privada (PPP), onde a CAF deveria ficar responsável pela manutenção dos trens enquanto não puder fornecer os 36 novos trens para a linha 8. Resultado: hoje a CPTM tira trens de linhas que não parecem fazer falta (como 7 e 9) para cobrir a falta dos trens sucateados pelos profissionais inaptos à manutenção da frota, segundo fontes da própria empresa e discussões em fóruns voltados à companhia.


Os resultados da greve


Os sindicatos sempre atuaram nas reivindicações aos seus em separados. Seguia assim desde tempos da Rede Ferroviária Federal S.A., Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e durante a vigência da CPTM também. Várias vezes, movimentos de greve eram iniciados, porém, não iam pra frente por serem isolados. Movimento esse que só aconteceu por indignação: o semblante dos funcionários presentes e até de outros que se via com o colete escrito "CHEGA!" e o adesivo da campanha salarial (foto) demonstrava que não era só um sindicato, um corpo de funcionários revoltados.
Haviam outros funcionários, os ex-Fepasa, também estavam no movimento. Fepasa essa que, na visão da grande imprensa, se ameaçasse parar, ainda recebia alguma atenção. A CBTU/ RFFSA nunca foi digna de atenção historicamente. Não se sabe quando, como ou porquê dessa desatenção, desse desligamento, mas, viu-se que naquele dia que o único repórter/jornalista presente na Sindcentral o tempo todo é este que vos fala. Durante o tempo que permaneci, uma rádio tradicional somente ligou ao sindicato atrás de informações e os diretores emitiram um boletim  oficial pela web afirmando a paralisação das atividades às 0h. Nada mais.
Reflexos da greve: No dia seguinte, ônibus da Unileste
superlotados pela absorção do público do trem; Paese
não deu conta dos usuários
O resultado às 4h da manhã, quando as estações deveriam abrir e o primeiro trem estar para chegar seria verdadeiramente impactante. A imprensa ali correu atrás, pela manhã passou a mostrar a situação e tentar apontar meios de como o usuário do trem de se livrar da greve e seguir para o trabalho. O primeiro dia, com parada parcial e supervisores de tração (supervisores diretos dos maquinistas) na operação dos trens em regime de emergência na operação e no centro de controle operacional (CCO) com auxílio de operacionais do Metrô ainda mantiveram o Expresso Leste operando com a frota do série 2000 (em torno de 12 trens) circulanto por todo o dia. A extensão até Estudantes, a linha Safira, atividades na subestação de Calmon Viana, Manoel Feio, Engenheiro Goulart, Estudantes, Guaianazes e no lavador de Jundiapeba pararam por completo, além das oficinas Engenheiro São Paulo e Roosevelt.
Já no segundo dia de greve, além de parar toda a operação, uma denúncia foi feita pelo sindicato da Sorocabana: uma determinação do Tribunal Regional do Trabalho mandava que os funcionários operassem 90% da frota no horário de pico e 70% no vale, porém, foram impedidos de abrir as estações por determinação da CPTM. Com isso, a greve seguiu, até a hora em que a assembléia ocorreu e encerrou a parada, porém a greve continua.
Nessa sexta-feira [10], a Sindcentral fará nova assembléia e outros sindicatos decidirão rumos até dia 12/06. Mas, uma das coisas mais importantes talvez os sindicatos não tenham percebido, mas essa greve demonstrou para quem gere a CPTM que, desde que gerir uma companhia focada no respeito ao usuário também é respeitar quem a faz. Não só dando trabalho, mas, dando remuneração, respeito, condições e também palavra. Ouvir o usuário é muito importante, chega às vezes ser mais importante do que ouvir um "ferroviário viciado", mas, também é importante respeitar o profissional da ferrovia. E isso fará daqui pra frente até mesmo que as concessionárias de transporte de cargas que, desde 1998 atuam na malha paulista e seus funcionários não são tem uma grande sindicalização ou dão importância aos sindicatos, terão novos olhos a essa entidade de classe que ganhou respeito em 18 ferrovias regionais.
Não se assustem se em breve ferroviários de logísticas se unirem em prol de melhorias em sua categoria.


Tenham uma boa semana!


*Colaborou Denis Castro
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