sábado, 9 de outubro de 2010

De Regiane Alencar, "A Hora do Pico"

Reflexão de autora independente, mas, aprovada por este blog


*Do Ovelhas Incandescentes


Bons dias Senhores Usuários!


Publico aqui um ótimo texto de uma amiga. Chamo assim, mesmo sem conhecê-la pessoalmente, mas, há muitas particularidades que fazem crer que assim possa chamá-la e que também assim ela me vê.
Como profissional, é uma ótima comunicadora, só ainda não se deu conta desse talento natural, mas, logo estará encaminhada para tal e se juntará ao time dos jornalistas. Grande leitora, pois em grande parte de seus textos referencia livros e citações de grandes autores contemporâneos e modernos, fala muito bem e expõe sua opinião sobre diversos assuntos, enfim, merece o respeito.
Se hoje ela ganha o espaço nesse blog é porque seu texto fala por si.


Apreciem.
Horário de pico


Do alto, olhava a cidade lá embaixo.
Era quase seis horas da tarde, o céu já estava escuro, os ônibus passavam cada vez mais cheios, as ruas estavam cada vez mais tumultuadas, o metrô... impossível entrar ou sair. O famoso e temido "horário de pico" se aproximava.


Foto:Italo SIlva/Agencia Supra S9 News
No livro "1984", havia a "hora do ódio". Em São Paulo, havia o horário de pico. Hora em que as pessoas evitavam sair na rua, pegar o ônibus, sair do trabalho, sair da escola, da academia, do curso e "Deus me livre", pegar o metrô.

Olhava tudo de lá de cima. Não precisava mais se preocupar com rua, ônibus, sair do trabalho, da escola, da academia, do curso, e graças a Deus, do metrô.
Nem sempre foi assim. Já passou por essa "provação". Já saiu muito mais cedo do que seu horário normal, para evitar o aterrorizante horário de pico. Já rezou ao sair do trabalho, para que, pelo menos chegasse segura em casa, mesmo que tivesse que esperar uma ou duas horas até conseguir entrar em um trem, ônibus ou o que fosse. Já vibrou a cada vagão vazio que chegava na estação Sé. Alegria de pobre é ver o vagão chegando vazio na estação Sé. E muitas pessoas devem estar rindo ao ler isso porque sabem que é verdade.
Mas no meio do aperto ainda há um alívio. Cansou daquilo que chamava vida. Se até no meio dos vagões lotados da Sé, em pleno horário de pico, ainda há um vagão que vem vazio, então o resto também se resolve.
Não desistir, não deixar de ouvir e de se fazer ouvir, não se calar (exceto nos casos em que calar a boca é fundamental e até saudável), não deixar de querer, de se arriscar, e quando necessário, ignorar.



Partiu para o tudo ou nada, com direção ao tudo. Arriscou, quis, ignorou, quis!


Faz parte das escolhas que fazemos na vida, ouvir ou não ouvir. Aceitar ou não aceitar.
Com pessoas, a mesma coisa. Há pessoas que temos que escolher se elas ficam ou saem da nossa vida.
Jogou o passado fora, ficou com o presente e se guardou para o futuro.

Essa não é uma história de moral, nem de lições, nem de nada. Cada um que a veja como quiser e como puder.
Tem coisas que só a gente para saber e para entender. Cada um sabe da sua vida, das suas vitórias e das suas derrotas. Cada um que escreva sua história com os personagens que escolher. Mas sempre, escolher.
Sempre escolher, melhorar, continuar, mudar e apagar o que tiver que ser apagado. Reescrever sua história quando for preciso e nunca deixar terminar.
Quando chegava essa hora... o famoso e enervante horário de pico, não se preocupava com mais nada. 
Apenas olhava, imperturbável, a cidade lá embaixo. E agradecia por estar lá em cima.
E abençoava a cidade lá embaixo.


Tenham um bom feriado prolongado!

*Texto totalmente retirado do Blog Ovelhas Incadescentes, mediante autorização da autora e citação da fonte.

Um comentário:

Anônimo disse...

Mas q lindo! Pra mim, isso foi como uma homenagem, isso sim! Obrigada! Bjs

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