segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Negócios nos Trilhos 2011 surpreende pelo tamanho e pelas novidades

Batendo recordes de locações, a NT11 consagra-se como maior evento de negócios do setor ferroviário; mas não só negócios aconteceram


Do Vida Sobre Trilhos


Bons dias, senhores Usuários!


Innovia Monotrilho 300: ano passado era uma minia-
tura em escala. Este ano, foi possível conferir o
mock up em tamanho real. Foto: Denis Castro
Pelo 14º ano, a Revista Ferroviária promoveu a feira Negócios nos Trilhos. O evento deixou sua marca: a maior proximidade com os trilhos levou a General Eletric (GE) a expor uma das primeiras locomotivas AC44i a chegarem no Brasil. Discreta nos primeiros anos - uma das edições inclusive ocorreu dentro da estação Júlio Prestes, ocupando a gare e parte superior da estação da antiga Estrada de Ferro Sorocabana -, a feira cresceu e ocupou por completo o Pavilhão Vermelho do Expo Center Norte. Este ano, segundo palavras de Gerson Toller, diretor da RF, "a expectativa era de reunir mais de 180 expositores e atrair 10 mil visitantes". Superando o ano de 2010 - que contou com 162 expositores - a feira fechou a sua 14ª edição com 180 expositores e 7 mil visitantes, mil a mais do que o ano passado. Além do costumeiro pavilhão, o evento tomou parte do pavilhão ao lado.
Movimento durante o evento. Cerca de 7 mil
  pessoas visitaram a feira. Foto: Denis Castro
Empresas do Japão, Espanha e França tiveram seus estandes temáticos organizados por país. Dentre novidades, a  Talgo, empresa especialista em trens regionais de média e longa distância, e também de alta velocidade, apresentou novidades na Negócios nos Trilhos. "O nosso mercado são os trens regionais. Dispomos de produtos para o que nós chamamos de Intercity, ou seja, grandes distâncias, desde que não seja Metrô. Com toda certeza, somos líderes em alta velocidade no mercado hoje em dia", afirma João Constantino Meireles, diretor da Talgo na América Latina. A empresa não é conhecida pelos brasileiros, já que a maioria dos carros de passageiros e composições são nacionais. Mas vários outros países da América, Europa e Oriente Médio contam com a Talgo para suas linhas de trens de média distância e alta velocidade:"Talgo está nos EUA, Argentina, Espanha, Portugal, França, Alemanha, Itália, Cazaquistão, Ubesquistão... Temos Talgo pelo mundo todo!", comemora Meireles. A primeira menção à empresa deu-se quando começaram a surgir os primeiros planos para trens regionais em São Paulo. O TAV Brasil também é outro grande interesse da companhia, que tem intenções de se associar: "Estamos em conversação com muitas empresas, mas ainda é cedo pra falar nesse assunto. Quando sair o edital, será o momento para saber exatamente com quem nos associamos e de que forma nos associamos", explica Meireles. Para ele, é necessário analisar os casos e ver como a empresa procederá para participar do leilão do TAV, previsto para agosto de 2012.
Projetos da CAF em andamento. Foto: Denis Castro
Outra espanhola de presença no setor ferroviário é a "Construcciones Y Auxiliar de Ferrocarriles" (CAF), que comemora a instalação de sua fábrica em Hortolândia (SP), o novo pólo da indústria ferroviária brasileira. Comemora também a entrega dos primeiros 48 trens da companhia no Brasil e a recente PPP com a CAF S.A. (sede espanhola) e a ICF (Inversiones en Concesiones Ferroviarias). As duas primeiras composições de 8 carros no país com passagem livre plena do primeiro ao último carro (open gangway) serão entregues para a operação na linha 8 - Diamante da CPTM. O estande da CAF seguiu a ideia usada pela Bombardier: foi montando um "Cyber CAFé" dentro da feira. Qualquer semelhança é mera coincidência.


Números de 2011 e a evolução do setor ferroviário


AmaxLong: vagão desenvolvido especialmente para
a empresa Brado Logística. Foto: Denis Castro
Segundo a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), os investimentos das concessionárias para ampliação, manutenção, recuperação, compra de tecnologia e outros para ferrovias já não contam com a ajuda da União desde 2009. Isso indica maior independência financeira das concessionários para administrar suas malhas ferroviárias, o que é considerado um passo significativo. A previsão para o ano de 2011 é de R$ 3 bilhões em investimentos. No período de 1997 a 2009, as concessionárias investiram R$ 21 bi em material ferroviário. A União, no mesmo período, colaborou com somente R$ 2,98 bi. Até hoje, o ano em que mais se investiu foi 2008: R$ 4,3 bi, dos quais R$ 225 milhões vindos dos cofres públicos.
AmaxTop: em testes nas duas margens do
Porto de Santos.
Beneficiadas, novas empresas como a Brado Logística, a Rumo Logística - duas das principais compradoras -, e a AmstedMaxion ampliaram sua atuação no setor de vagões. A Brado tem como especialidade o transporte de contêineres para o Porto de Santos, via Ramal de Exportação Mairinque-Santos. A empresa colocou a série Amax - uma de suas novidades na NT - à disposição.
Com exclusividade, ela desenvolveu o AmaxLong, que tem 26 metros de comprimento, um dos vagões mais longos produzidos para o transporte de cargas. Assim, necessidades especiais surgiram, como: planejar seu comportamento em curvas horizontais; desenvolver um engate especial, com estrutura mais simples, porém eficiente para diminuir a tara; criar anteparos protetores das portas dos contêineres e dispositivos frigoríficos a serem carregados; instalar truques tipo "Ride Control", permitindo até dois contêineres padrão ISO de 40', quatro de 20' ou três de 20' em apenas um nível, com peso bruto máximo de até 130 toneladas. A Brado já adquiriu 145 desses vagões para iniciar suas operações e todos serão entregues até o fim deste mês, segundo a AmstedMaxion.
Já o AmaxTop, desenvolvido em abril, é o primeiro vagão brasileiro a transportar contêineres empilhados nos padrões ISO 20', 40' e "High Cube", deixando a carga com até 6 metros de altura em relação aos trilhos. Neste, um sistema de absorção de choques e sistema de aplicação variável de freios quando carregado ou não, são as principais novidades do modelo. Ele já está em operação para testes na malha litorânea da MRS, que compreende as duas margens do Porto de Santos. Para um melhor rendimento, a Malha Regional Sudeste Logística fará ajustes de gabarito de suas vias para a conclusão dos testes e posterior ampliação no número de vagões do modelo.
A nova cara da CPTM e do Metrô de São Paulo
No transporte de passageiros, a CPTM e o Metrô de São Paulo pretendem investir R$ 39,4 bilhões até 2015, seguindo o plano plurianual (PPA) do Governo do Estado de São Paulo. Segundo o presidente da CPTM, Mário Bandeira, há intenções de ampliar linhas existentes e renovar frotas por meio de nova licitação e um aditamento com empresas que já possuem contrato com a CPTM (Alstom e CAF): "Estamos trabalhando para a ampliação da frota, estudando a aquisição de 21 trens por meio de aditamento de contratos existentes e outros 40 novos, cuja audiência pública será realizada no próximo dia 18 de novembro", diz Bandeira. Além da nova linha até Guarulhos (13 - Jade), que parte de Engenheiro Goulart e vai até a estação Zezinho Magalhães, próximo ao Parque Cecap, e a extensão da linha 9 - Esmeralda até Varginha, a CPTM pode ter a malha ampliada em 41 quilômetros, chegando a 301,4 km de extensão. Também pode-se incluir nesses projetos os trens expressos: o do ABC, partindo da estação Mauá até Luz; o de Jundiaí, partindo da estação Lapa; e a ligação Alphaville - Tamboré por meio de Parceria Público-Privada (PPP). Há ainda os projetos regionais de Sorocaba, Santos e São José dos Campos, também nos mesmos moldes.
No Metrô, a promessa é de que, com os investimentos do estado, a ampliação da rede chegue até 137 km até 2015. Para isso, não serão poupadas as PPP's, a exemplo da linha 6 - Laranja, que seguirá este modelo.


Além dos negócios


Country foi um dos ritmos que movimentaram o
"Boteco da MIC" na NT2011
No quesito entretenimento os expositores da Negócios nos Trilhos deram show. A empresa de Kirkior Mikaelian, a Metalúrgica, Indústria e Comércio (MIC S/A) é especializada em peças para o setor ferroviário: válvulas de segurança, tubos de descarga e tampão do domo para vagão tanque, portas de descarga (tremonha), fechos, adaptadores para rolamento, cartucho e peças para o setor de freios. A empresa trouxe o  "Boteco da MIC", onde por várias vezes ao redor do estande aconteciam espetáculos de dança de estilos variados como country, samba e dança do ventre.
Dj anima o estande da AmstedMaxion na NT2011


A AmstedMaxion trouxe dj's para seu estande enquanto as novidades da empresa eram apresentadas. Além disso, os visitantes podiam degustar bebida e  quitutes preparados pelo buffet do evento. Na A.C. Corrêa, diversos músicos se revezaram para manter o ambiente alegre e amistoso.
No último dia, um espetáculo com direito a escola de samba encerrou o evento com chave de ouro. Gerson Toller, diretor da Revista Ferroviária e organizador do evento, foi um dos percursionistas.
Gerson Toller e Mikaelian ao som de uma
   escola de samba na NT2011. Foto: Denis Castro
Dos estandes, o mais movimentado foi o da MPE/ T'Trans/ Scomi. A Scomi, por meio de parceria com a MPE, estará em breve instalada no Brasil e produzirá monotrilhos para atender à linha 17 - Ouro do Metrô de São Paulo. A MPE, em parceria com a Temoinsa, fornecerá veículos para o aeromóvel de Porto Alegre, ligando a estação Aeroporto da Trensurb até o Terminal 1 do aeroporto internacional Salgado Filho.
Muitos negócios foram fechados e outros ainda serão. O clima de celebração, que não é a de um "boom" no setor ferroviário, marca a consolidação e a retomada de projetos para solucionar o problema da mobilidade no Brasil. 


Veja fotos feitas -e cedidas- pelo Denis Castro, amigão de todas as horas do blog:





Confira também as fotos realizadas pelo autor do blog:





Tenham uma boa semana!

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